Homem, de quem se tinha separado há cerca de um mês, terá disparado três tiros quase à queima-roupa, em São Domingos de Rana, Cascais. Ainda fugiu, mas acabou por ser encontrado morto.
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Sara Barros, com cerca de 40 anos, tinha-se separado e saído de casa, em São Domingos de Rana, concelho de Cascais, há cerca de um mês. Na terça-feira à noite, decidiu ir buscar roupa para o filho adolescente ao seu apartamento, onde o antigo companheiro continuou a residir após o fim do relacionamento. Acabou por ser baleada mortalmente, quase à queima-roupa, pelo homem, com cerca de 50 anos. O suspeito, trabalhador da construção civil, ainda fugiu, mas, já esta quarta-feira, foi encontrado morto. Ter-se-á suicidado.
De acordo com informações recolhidas pelo JN no local, eram cerca da 21.30 horas de terça-feira quando se ouviram três tiros na pequena correnteza de prédios da Praceta Cidade de Chaves, no Zambujal, em São Domingos de Rana. Logo depois, um homem conhecido de todos fugiu do local a toda a velocidade, numa carrinha de caixa aberta com materiais de construção. As autoridades chegaram em seguida, alertadas por vizinhos do fugitivo, que acabara de disparar contra a ex-companheira à porta do apartamento. Pelo menos uma das balas acertou na cabeça.
Quando os Bombeiros Voluntários da Parede e o INEM chegaram ao local, já nada havia fazer e Sara Barros nem sequer chegou a ser transportada ao hospital. Durante cerca de 20 minutos, os polícias procuraram nas imediações pelo suspeito, incluindo debaixo dos carros ali estacionados, mas não o encontraram. Ao final da manhã desta quarta-feira, o seu corpo acabaria por ser descoberto numa obra, também no concelho de Cascais.
O homem estava a ser procurado pela PSP, que tomou conta da ocorrência, e pela Polícia Judiciária, para a qual transitou, logo na terça-feira à noite, a investigação.
Vizinhos surpreendidos
O homicídio seguido de suicídio surpreendeu os vizinhos do ex-casal, que, durante pelo menos uma década e meia, residiu na Praceta Cidade de Chaves, no mesmo prédio que um irmão da vítima.
"Quando tinha 18 anos, fomos colegas e ela vinha muito aqui a casa. Mas deixei de falar com ela há mais ou menos 15 anos, quando se casou. Dizíamos só "bom dia", "boa tarde", quando nos encontrávamos na rua", conta, ao JN, uma vizinha, que quis manter o anonimato e, garante, nunca se apercebeu de qualquer problema entre Sara Barros e o marido. "As pessoas não estão a ligar à vida de cada um", desabafa, ainda sem acreditar no sucedido.
"Ele era muito bem-disposto", acrescenta uma outra vizinha, corroborando que nunca assistiu a qualquer discussão entre o ex-casal e lamentando que haja quem não consiga "seguir com a vida" depois de uma separação.
Sara Barros foi a 14.ª mulher a ser morta em 2022 por um companheiro ou ex-companheiro e a segunda a ser baleada na cabeça esta semana por um ex-marido. A outra vítima, de Marco de Canaveses, estava, pelas 15.30 horas desta quarta-feira, hospitalizada em estado crítico. Em todo o ano de 2021, tinham sido assassinadas 16 mulheres.
APOIO
Qualquer pessoa pode denunciar
A violência doméstica é um crime público e, por isso, pode ser denunciado por qualquer pessoa, incluindo à GNR e à PSP . Muitas vezes, o homicídio é precedido de outras agressões durante a relação amorosa.
Várias linhas de apoio a vítimas
Existem várias linhas de apoio gratuitas e confidenciais a vítimas de violência doméstica. Uma delas é o 800 202 148, que funciona sem interrupções e é gerida pela Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género. Já a da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) - 116 006 - está disponível de segunda a sexta-feira, entre as 8 e as 22 horas.