SINAPOL solicitou ao Governo a realização de uma auditoria para apurar a totalidade do efetivo. Contagem final é diferente no Balanço Social da PSP, na Lista de Antiguidade dos polícias e no Relatório Anual de Segurança Interna
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O Sindicato Nacional da Polícia (SINAPOL) solicitou ao Ministério da Administração Interna (MAI) a realização, "com caráter de urgência", de uma auditoria para apurar o "verdadeiro número de profissionais de polícia na PSP". O mesmo sindicato vai ainda apresentar uma queixa no Ministério Público, com a justificação de que a Direção Nacional da PSP usou diferentes critérios em três documentos para contabilizar o efetivo, adulterando o número final.
Segundo o SINAPOL, o Relatório Anual Segurança Interna, o Balanço Social da PSP e a Lista de Antiguidade dos polícias apresentam, para a mesma data de 31 de dezembro de 2020, números díspares, que merecem "a instauração, com caráter de urgência, de uma auditoria à Direção Nacional da PSP, com vista a apurar-se qual o verdadeiro número de profissionais de polícia". "É facilmente verificável que nem sequer uma única vez os números são iguais, o que deixa sérias dúvidas sobre qual o verdadeiro número de polícias na PSP, quer por categorias hierárquicas, quer no seu total", lê-se num comunicado emitido pelo sindicato.
No mesmo documento, o SINAPOL alega que, com recurso a diferentes critérios de contabilização, "a Direção Nacional da PSP consegue, aparentemente, fazer o milagre da duplicação de polícias, pois, espantosamente, há em alguns postos hierárquicos um número de polícias superior no Balanço Social do que na Lista de Antiguidade, o que física e matematicamente é impossível".
O sindicato fala, inclusive, numa "flagrante adulteração de números". "Não sabemos se com dolo ou sem dolo, mas que destrói qualquer seriedade, credibilidade e veracidade dos números de polícias apresentados pela Direção Nacional da PSP", acrescenta.
Ministro desvaloriza
Ao JN, o presidente do SINAPOL, Armando Ferreira, avança que irá também ser apresentada "uma denúncia criminal junto do Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa. "Uma coisa é certa, no fim de todo este processo ficaremos, de uma vez por todas, a saber quantos polícias temos e se estão no quadro ativo, adido ou supranumerário", justifica.
O MAI não disse, ao JN, se iria avançar ou não com a auditoria solicitada pelo sindicato, mas, nesta quarta-feira, quando interpelado pela bancada do PSD no Parlamento, o ministro Eduardo Cabrita desvalorizou a questão, defendendo que o número de polícias no Balanço Social da PSP e no Relatório Anual de Segurança Interna é coincidente. Também a Direção Nacional da PSP não respondeu às questões colocadas.