O ex-primeiro-ministro José Sócrates acusou esta quarta-feira um dos procuradores titulares da Operação Marquês, Rosário Teixeira, de ter "uma certa motivação pessoal" neste processo, no âmbito do qual o antigo governante socialista responde por 31 crimes de corrupção, branqueamento de capitais, falsificação de documento e fraude fiscal qualificada.
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Na terça-feira, o magistrado afirmara, ao ser questionado sobre o facto de Sócrates ter classificado a acusação do Ministério Público (MP) de "delirante", que o "senhor engenheiro" poderia dizer o que quisesse, que no final far-se-iam as contas.
"Considero essa declaração uma declaração profundamente infeliz e completamente imprópria de um procurador. Mas é muito revelador daquilo que esteve sempre na base deste processo: uma certa motivação pessoal. Eu pensava que os procuradores da República tinham apenas uma preocupação com a justiça e com a legalidade democrática", afirmou o ex-primeiro-ministro, à chegada ao Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, para o terceiro dia do seu interrogatório na instrução da Operação Marquês.
Rosário Teixeira já desvalorizou a acusação de Sócrates, sustentando que esta é apenas mais uma fase do processo e que se trata por parte do antigo governante de "uma efabulação de uma expressão que é comum". "Não é um ajuste de contas", assegurou aos jornalistas.
A instrução é uma fase facultativa do processo, na qual os arguidos contestam a acusação do MP, para tentar evitar o julgamento.
No seu interrogatório, iniciado na segunda-feira, Sócrates já respondeu a questões sobre a ligação entre o Grupo Espírito Santo e a Portugal Telecom, a Caixa Geral de Depósitos e o crédito ao empreendimento Vale do Lobo, e o concurso do TGV, cuja obra do troço Poceirão-Caia chegou a ser concessionada a um consórcio que incluía o grupo Lena.