José Sócrates terminou, por enquanto, o seu depoimento no julgamento do processo Operação Marquês, tendo sido dispensado, esta quarta-feira, de estar presente nas próximas sessões e o tribunal começa na quinta-feira a ouvir outro arguido.
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O antigo primeiro-ministro pediu dispensa hoje à tarde ao coletivo presidido pela juíza Susana Seco, tendo referido que precisa de se deslocar ao Brasil por motivos académicos.
Já durante a manhã, José Sócrates disse ter decidido que não vai continuar a falar, alegando cansaço e deixando para mais tarde o resto do seu depoimento perante o coletivo de juízes.
"Eu não posso continuar assim, isto assim não pode durar sempre. Deliberei que não faço mais declarações" a partir de hoje, disse José Sócrates, acrescentando não querer falar "à pressão", nem admitir "que o tribunal seja tão violento".
Terminadas, por agora, as declarações de José Sócrates, o tribunal vai ouvir na quinta-feira, na décima primeira sessão deste julgamento, Diogo Gaspar Ferreira, ex-diretor executivo do empreendimento de luxo Vale de Lobo, que está acusado pelo Ministério Público de dois crimes: um de corrupção ativa e um de branqueamento de capitais.
Durante a tarde de hoje, José Sócrates voltou a acusar o Ministério Público de não apresentar provas e de colocar questões que o antigo primeiro-ministro não conhece. "Essa conta não é minha, não tenho nada a ver com ela. E aquilo que o Ministério Público diz extravasa o tratamento que deve haver entre o Ministério Público e um sujeito processual", disse José Sócrates quando questionado pelo procurador Rómulo Mateus sobre 4,5 milhões de euros que terão sido transferidos para uma conta na Suíça que era controlada por Carlos Santos Silva.
Já no final da décima sessão deste julgamento, o advogado Francisco Proença de Carvalho, que representa o antigo presidente do Banco Espírito Santo, Ricardo Salgado, pediu a palavra, uma vez que o seu cliente foi mencionado por José Sócrates na questão do chumbo da alienação da participação da PT na Vivo. "O direito ao contraditório de defesa de Ricardo Salgado está inviabilizado", explicou Proença de Carvalho, dada a sua situação clínica - foi diagnosticado com a doença de Alzheimer.
O antigo primeiro-ministro é um dos 21 arguidos da Operação Marquês e responde maioritariamente por corrupção e branqueamento de capitais.
Os 21 arguidos têm, em geral, negado a prática dos 117 crimes económico-financeiros que globalmente lhes são imputados.
O julgamento começou em 3 de julho no Tribunal Central Criminal de Lisboa.