Judiciária dá golpe em rede que operava no Minho e em vários concelhos dos arredores do Porto. Detidos 12 suspeitos e muito armamento apreendido.
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Uma centena de inspetores da Diretoria do Norte da Polícia Judiciária (PJ) desencadeou uma operação em que deteve 12 indivíduos e apreendeu dezenas de armas ilegais, milhares de munições e 30 mil euros. O epicentro da ação foi Braga, onde se têm registado tiroteios entre gangues, com armas de calibre de guerra, numa "disputa de território" para o tráfico de droga.
Além de Braga, onde foi detido o cabecilha da rede, Luís Lopes, mais conhecido por "Simpson", ao fim de ano e meio de investigação os inspetores da PJ, chefiados pelo coordenador Manuel Santos, estiveram em Amares, Póvoa do Lanhoso, Felgueiras, Fafe, Santo Tirso, Póvoa de Varzim e Vila do Conde, onde intercetaram mais 11 membros da organização. Das 28 buscas efetuadas, que, além de residências e armazéns, incluíram um banco onde um dos elementos mais destacados tinha um cofre com armas e dinheiro, resultou a apreensão de dezenas de armas proibidas, algumas de guerra, milhares de munições de diversos calibres, facas, soqueiras e detonadores de explosivos.
Segundo Manuel Santos, os suspeitos dificultaram a investigação ao comunicarem em linguagem codificada e através de redes sociais e aplicações como o WhatsApp.
Extrema-direita
Como o JN noticiou na quarta-feira, o alegado cabecilha da rede, Luís Lopes, cultivará há muito tempo estreitas ligações com pessoas e movimentos da extrema-direita, à margem do negócio das armas. Ex-marido de Eugénia Santos, atual candidata do Chega à Câmara de Braga, "Simpson" teria como "tenente" Carlos Osório (também detido), que é cunhado da mulher que disputa a Autarquia sob as cores do partido de André Ventura.
Segundo informações recolhidas pelo JN, a rede terá feito vários negócios com indivíduos conotados com essa área ideológica que estarão debaixo do radar da PJ. "Simpson" também já esteve ligado ao mundo da diversão noturna, à segurança privada ilegal e aos ginásios.
Braga
"Gil Ranger" libertado no caso dos tiroteios
Um dos 12 detidos no processo dos tiroteios de Braga, devidos às guerras pelo território e supremacia grupal, Gilberto Martins ("Gil Ranger"), foi na quarta-feira libertado, com termo de identidade e residência, tal como Fábio Lemos, outro suspeito do "Grupo das Enguardas".
Os dois arguidos, defendidos pelo advogado bracarense João Ferreira Araújo, foram já os primeiros a serem interrogados pelo juiz Pedro Miguel Vieira, que presidiu às buscas, na terça-feira, faltando só conhecer as medidas de coação dos outros detidos, nomeadamente dos três arguidos Samuel Monteiro ("Samaritano"), Rui Carvalho ("Fire") e Sandro Pinto.
O interrogatório destes arguidos prolongou-se pela noite de quarta-feira, não tendo sido ainda aplicadas as respetivas medidas de coação, relacionadas com a "guerra sem quartel" dos rivais "Grupo do Fujacal" com o "Grupo das Enguardas", apoiado pelo "Grupo do Picoto".
Pormenores
Arguidos libertados
Os detidos foram na quarta-feira presentes ao Tribunal de Instrução Criminal do Porto, tendo saído em liberdade, embora sujeitos a apresentações diárias e proibidos de se ausentarem da freguesia onde moram. À exceção de Luís Lopes, que terá de prestar uma caução. Estão todos proibidos de contactar entre si.
Pistolas de alarme modificadas
Algumas das pistolas apreendidas eram armas de alarme, mas um serralheiro que colaborava com a rede transformava-as, deixando-as capazes de disparar munições reais. Também foi detido.