Tribunal da Relação confirma 20 anos de prisão para "Xuxas" por tráfico de cocaína
O Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) confirmou, esta quinta-feira, a condenação a 20 anos de prisão de Rúben Oliveira ("Xuxas") por tráfico de droga, associação criminosa e branqueamento, mas reduziu em quase 300 mil euros o património declarado incongruente.
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Em comunicado, relativo à apreciação dos vários recursos interpostos neste processo, o TRL decidiu pela manutenção da pena de prisão de 20 anos decidida em primeira instância "pelos crimes de tráfico de estupefacientes agravado, associação criminosa para o tráfico e branqueamento".
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Num recurso interposto em janeiro deste ano, o Ministério Público (MP) tinha pedido o agravamento da pena deste arguido para 24 anos de prisão.
Em relação a Rúben Oliveira, o coletivo de desembargadores da Relação decidiu ainda "conceder parcial provimento ao recurso na parte referente à perda alargada e, em consequência, fixar o seu património incongruente em 1.396.025,99 euros, confirmando, no mais, a decisão recorrida".
Em primeira instância tinha sido fixado em 1.675.898,79 euros o património incongruente de Rúben Oliveira e da sua mulher, Carla Paradela Oliveira, também arguida no processo, condenada a uma pena suspensa de dois anos de prisão.
O tribunal condenou em 22 de novembro de 2024 a penas entre oito e 20 anos de prisão cerca de uma dezena de arguidos no processo de tráfico de cocaína em que o principal visado, acusado de liderar a associação criminosa, é Rúben Oliveira, condenado à pena mais pesada no processo, de 20 anos de prisão.
Em julgamento, para além de "Xuxas", estiveram outros 15 arguidos singulares e três empresas no processo de tráfico de cocaína, associação criminosa e branqueamento de capitais, tendo o Ministério Público (MP) pedido condenações exemplares.
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Segundo a acusação do MP, o grupo criminoso, liderado por Rúben Oliveira, tinha "ligações estreitas" com organizações de narcotráfico do Brasil e da Colômbia e desde meados de 2019 importava elevadas quantidades de cocaína da América do Sul.
A organização tinha - ainda de acordo com a acusação - ramificações em diferentes estruturas logísticas em Portugal, nomeadamente junto dos portos marítimos de Setúbal e Leixões, aeroporto de Lisboa, entre outras, permitindo assim utilizar a sua influência para importar grandes quantidades de cocaína fora da fiscalização das autoridades portuárias e nacionais.
Naqueles locais, a Polícia Judiciária realizou apreensões de cocaína que envolvem arguidos que supostamente obedeciam a ordens de Rúben Oliveira.
A cocaína era introduzida em Portugal através de empresas importadoras de frutas e de outros bens alimentares e não alimentares, fazendo uso de contentores marítimos. A droga entrava também em território nacional em malas de viagem por via aérea desde o Brasil.
Os arguidos recorriam, alegadamente, a "sistemas encriptados tipicamente usados pelas maiores organizações criminosas mundiais ligadas ao tráfico de estupefacientes e ao crime violento" para efetuarem comunicações entre si.