Tribunal de Leiria impede jornalistas de assistirem a julgamento do "caso Valentina"
Jornalistas de diversos órgãos de comunicação social estão a ser impedidos de fazer a cobertura noticiosa do julgamento do pai e da madrasta acusados do homicídio de Valentina, que se iniciou nesta quarta-feira, no Tribunal de Leiria.
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A covid-19 é a razão invocada pelo tribunal para limitar o acesso dos jornalistas à informação. O juiz de direito que preside ao tribunal coletivo a que foi distribuído o processo, António Centeno, entende que a sala de audiências onde decorre o julgamento só permite a presença de seis jornalistas e optou por não realizar o julgamento num espaço maior, apesar do enorme mediatismo que envolve este processo desde a primeira hora.
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Ao início da manhã, eram quatro os jornalistas impedidos de entrar na sala de audiências, mas, entretanto, foi permitida a entrada do correspondente do JN em Leiria. Do Lado de fora continuam outros três jornalistas.
Um escrivão do tribunal apresentou àqueles jornalistas um despacho judicial, até hoje desconhecido, para os impedir de entrar no tribunal. O despacho, onde não é visível qualquer data, fixa a lotação da sala para jornalistas, "atento o atual estado de emergência ocasionado pela pandemia", dizendo que "tais lugares serão reservados a jornalistas, sendo a prioridade definida em função da ordem cronológica do pedido de creditação".
"De todo o modo, poderão os senhores jornalistas revezar-se na sala, desde que não causem transtorno ao normal andamento dos trabalhos", propõe ainda o juiz António Centeno.
Desde o início da pandemia, inúmeros juízes têm saído dos seus tribunais e realizado os julgamentos em espaços alternativos e maiores, por forma que possam estar presentes todos os arguidos, bem como o público e os jornalistas interessados. Isso mesmo tem sucedido na própria Comarca de Leiria, por exemplo, no julgamento das fraudes na reconstrução de casas destruídas nos grandes incêndios de Pedrógão Grande em 2017.