O Tribunal de Braga considerou inimputável a mulher, de 27 anos, que esfaqueou e incendiou a mãe, em agosto de 2024, na vila de Prado, em Vila Verde, pelo que lhe determinou a medida de segurança de internamento, no mínimo por três anos.
Corpo do artigo
“Com o seu comportamento, preencheu o tipo objetivo dos crimes de homicídio na forma tentada e de detenção ilegal de arma", concluiu o tribunal, acrescentando, no entanto, quer "a imputabilidade é o primeiro dos requisitos do juízo de culpa criminal" e, "à data dos factos, Sara Sousa padecia, como padece, desde 2013, de patologia de linha psicótica e personalidade disfuncional, com diagnóstico provável de esquizofrenia”.
A mulher vai ficar internada porque, segundo o coletivo de juízes, “tem personalidade que lhe confere marcada perigosidade e, face à natureza da doença, à gravidade dos factos, é de recear que possa cometer crimes idênticos”.
A arguida poderá, ainda assim, ser libertada no futuro, se tal se revelar “compatível com a defesa da ordem jurídica e da paz social”, ou seja, se ficar curada.
Trancou quarto a arder
A acusação dizia que, em 24 de agosto, pelas 4 horas da madrugada, a mulher, com a desculpa de que ia pedir um cigarro, entrou no quarto da mãe com um pano impregnado com vodca e uma faca com uma lâmina de 12 centímetros. Começou por colocar o pano na boca e nariz da vítima e, como esta se debateu, soltando-se, deu-lhe um murro na cara e num olho, e pôs-se em cima dela, dizendo que a ia matar, dando-lhe então uma facada no abdómen. A seguir, foi buscar um frasco de álcool e regou-a com ele, despejando-o ainda na cama e no tapete, incendiando os lençóis com um isqueiro. As chamas alastraram ao colchão e à roupa e cabelo da vítima. Aí, a filha saiu do quarto e trancou a porta com uma cadeira, para que a mãe a não pudesse abri-la.
Com as labaredas e o fumo a aumentarem, a progenitora conseguiu abrir a janela, saltar para o logradouro e fugir, a correr, rumo à casa de outro filho, que mora nas redondezas. Este foi ao quarto, depois de chamar a GNR e os bombeiros, tendo conseguido extinguir as chamas
Em consequência das queimaduras e feridas que sofreu, a vítima foi internada no Hospital de Braga e, mais tarde, transferida para Coimbra, para uma Unidade de Queimados.