Troca de tiros na Baixa do Porto faz um ferido. Moradores falam de desacatos constantes
Desacatos ocorreram ao início da manhã, à porta de um bar problemático na Travessa de São Brás. Um homem baleado foi metido num carro e levado para parte incerta.
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Uma troca de tiros entre dois grupos rivais, ocorrida este domingo de manhã, à porta do Bling Bling Bar, na Travessa de São Brás, no Porto, causou pelo menos um ferido, que desapareceu do local num carro conduzido por um amigo. O alerta foi dado cerca das 8.30 horas e obrigou à intervenção da Unidade Especial de Polícia (UEP), por haver pessoas fechadas no bar e que não queriam sair.
Quando o JN chegou ao local, eram visíveis dezenas de jovens no exterior do estabelecimento, alguns visivelmente incomodados com o dispositivo policial.
Todas a ruas de acesso ao bar, que já foi palco de outros incidentes violentos, estavam cortadas. Dentro do perímetro de segurança estavam polícias e clientes. Cerca de 50 foram identificados.
A chegada de duas viaturas do Corpo de Intervenção da UEP fez crer que a entrada no estabelecimento se faria à força, tanto mais que era visível um aríete nas mãos de um dos agentes.
No entanto, a intervenção nem dez minutos durou, pois quem se encontrava no interior do bar saiu ordeiramente, se a palavra se pode usar no contexto de uma troca de tiros.
Do outro lado da rua, em cima do passeio, estava a carrinha de um casal, que será o proprietário do estabelecimento.
Quando a PSP quis revistar a viatura, alegaram que não sabiam da chave, mas perante a ameaça de quebra de um dos vidros, a chave lá foi encontrada.
Na mala estavam duas botijas, que irão ser analisadas, pois se a PSP se refere a elas como extintores, a cor prateada levou um morador a catalogá-las como botijas com a "droga do riso" (óxido nitroso, cuja venda ilegal ainda não é crime).
Vizinhos em tratamento
Para os moradores, os acontecimentos desta manhã já são uma perigosa e penalizadora rotina aos fins de semana, quando a hora de fecho do estabelecimento se prolonga quase até às 13 horas.
"É impossível dormir, e tenho vizinhos que andam em tratamento, pois não conseguem descansar e estas confusões constantes também mexem com a cabeça. Hoje foi o costume: berros, pontapés na porta e depois tiros. Nasci e cresci aqui, há 70 anos, e esta era uma rua tranquila. Estamos fartos de nos queixarmos", referiu um morador, que pediu para não ser identificado.
Alberto Rocha, com 40 anos de vida na Rua de São Brás, recorda o sossego desta, mesmo quando no mesmo local funcionava um bar de alterne. "O porteiro até pedia aos clientes para não fazerem barulho na rua", lembrou.
Por envolver armas de fogo, o caso é investigado pela Polícia Judiciária.