Usavam sem-abrigo para lavar dinheiro de burlas internacionais na Póvoa de Varzim
Começaram, esta terça-feira, a ser julgadas no Tribunal de São João Novo, no Porto, seis indivíduos e dez empresas, suspeitos de envolvimento num esquema de branqueamento de capitais gerados em burlas informáticas que tiveram lugar no estrangeiro. Usariam sem-abrigo como testas-de-ferro para criar empresas.
Corpo do artigo
A criminosa empreitada, com epicentro na Póvoa de Varzim, terá durado de 2020 a 2022, e consistia na utilização de empresas sem atividade, ou criadas para o efeito, onde foram lavados mais de 2 milhões de euros, enviados do estrangeiro.
O esquema, que teria como líderes um português e um argelino, incluiu também arrumadores de carros, gente sem-abrigo, que, a troco de meia dúzia de euros, emprestaram a sua identidade para a criação de empresas, graças às quais fugiam ao escrutínio bancário sobre a origem do dinheiro.
Na primeira sessão do julgamento, a que faltaram dois arguidos, Mounir Ghalem, o empresário argelino há muito residente em Portugal, considerado pela investigação com um dos alegados líderes, falou ao tribunal, sem tibiezas, para garantir nada ter a ver com o assunto. Simplesmente aceitara ser "intéprete", entre dois arguidos, Sérgio e Marcelo, e uns franceses que, entende, deveriam estar no banco dos réus. Mounir percebeu que se "tratava de negócios estranhos", mas não soube dizer mais.