André Villas-Boas recordou esta manhã, em tribunal, a noite "intensa" em que o seu zelador foi agredido, no Porto. Viu-o ensanguentado e atordoado e levou-o para dentro de sua casa. A partir desse dia, nunca mais deixou de ter segurança. Os arguidos em julgamento respondem por crimes de furto, dano e roubo.
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O presidente do F. C. Porto explicou, no tribunal de São João Novo, que, em outubro de 2023, contratou Avelino, de 67 anos, para vigiar o perímetro de sua casa após lhe terem pintado grafitos ofensivos no portão de casa. Na madrugada de 22 de novembro de 2023, o presidente portista foi surpreendido pelo rebentar de petardos. Saiu de casa com o zelador e ainda viram fumo. Deram uma volta ao perímetro e não viram ninguém suspeito. Depois de a polícia se ir embora, Avelino sugeriu tirar o seu carro do interior da casa para meter o carro de Villas Boas.
Pelas 4.40 horas, Villas Boas foi acordado pelo som da campainha. Estranhou e foi ao intercomunicador. Viu um vulto mas ninguém falou. “Abri o portão e vejo o senhor Avelino de pé, ensanguentado, junto ao intercomunicador. Disse-me: Senhor André, fui espancado!”. Villas-Boas levou rapidamente o zelador para dentro de casa. "Estava totalmente atordoado. Não dizia coisa com coisa", recordou. Tinha uma abertura que jorrava sangue por toda a cabeça. “Perguntei o que tinha acontecido e ele não sabia o que dizer”.
Villas-Boas afirmou que “foi tudo muito intenso, desde logo ver um homem nobre como o Avelino espancado e agredido. É sempre violento de todas as maneiras. Tive a sorte de as minhas filhas não terem acordado com o Avelino cheio de sangue dentro de casa, porque senão o trauma seria muito maior”. O presidente portista explicou que acompanhou com preocupação a recuperação de Avelino e garante que “é um trauma que ficará para sempre com ele”.
O presidente portista chegou a ser assistente no processo, quando se suspeitava que os agressores do zelador também seriam responsáveis pelos petardos atirados contra a sua casa, mas essa parte do processo foi arquivada. Assim, esta manhã, prestou depoimento enquanto testemunha e não como assistente.
Segundo a acusação do Ministério Público, os quatro arguidos, dois dos quais a aguardar julgamento em prisão preventiva, combinaram entre si na madrugada de 22 de novembro de 2023 apropriarem-se "do máximo" de objetos e dinheiro que conseguissem e vandalizar carros e lojas comerciais na cidade do Porto, recorrendo mesmo a agressões físicas". Desta forma, em vários locais do Porto, em especial na zona da Foz, os arguidos apoderaram-se de bens e dinheiro do interior de dois estabelecimentos comerciais e de vários automóveis, além de os danificarem com recurso a um martelo.
Ainda durante essa madrugada, os suspeitos deslocaram-se até à residência do agora presidente do F. C. Porto, André Villas-Boas, que à data dos acontecimentos era candidato à liderança da presidência dos dragões, e agrediram o zelador do condomínio e furtaram-lhe o telemóvel e carro que usaram para praticar alguns dos furtos. O homem, de 67 anos, necessitou de tratamento hospitalar e ainda hoje tem sequelas físicas e psicológicas das agressões.
Os quatro jovens, entre os 19 e 23 anos, estão acusados da prática, em coautoria, de 12 crimes de furto qualificado - cinco dos quais na forma tentada -, seis crimes de dano e um crime de roubo. Um dos arguidos responde ainda pelo crime de condução sem habilitação legal. O julgamento começou no passado dia 20 de fevereiro