Dirigente do A.D. São Pedro da Cova acusado de crimes de sequestro, coação agravada e ameaças por situação emitida em direto no Facebook.
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O Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto decidiu levar a julgamento Vítor Catão e Rui Almeida por sequestro, coação e ameaças ao empresário de futebol César Boaventura. Os factos remontam a março de 2019 e foram transmitidos em direto pelo próprio Vítor Catão nas redes sociais.
No vídeo de cerca de 10 minutos, feito com o telemóvel, o dirigente da Associação Desportiva de São Pedro da Cova aparece ao lado de Boaventura dentro de uma viatura, no parque do estádio do São Pedro da Cova, em Gondomar. Catão confronta o empresário com afirmações que este teria feito e com uma dívida de mil euros ao clube.
O dirigente ameaça-o e chega a dar-lhe um estalo. Este não reage. "Nunca tratei mal o senhor Pinto da Costa e jamais vou tratar", diz Boaventura, em resposta a acusações e ameaças de Catão. Fora do carro, é visível um indivíduo que se apuraria ser Rui Almeida.
Nesse mesmo dia, Boaventura garantia nas redes sociais que fora "coagido e ameaçado pelo senhor Vítor Catão com arma de fogo". E apresentava queixa às autoridades. Vítor Catão e Rui Almeida acabariam acusados de vários crimes pelo Ministério Público (MP), incluindo sequestro, ameaças, coação, gravações ilícitas e ofensas à integridade física simples.
Não foi ameaça, foi "desabafo"
Os dois arguidos requereram a abertura de instrução, alegando que a acusação se sustentava em meras conjeturas e ilações sem suporte probatório. Durante o debate instrutório, Vítor Catão negou ter sequestrado ou coagido Boaventura. Foi mais um "desabafo" em reação a comentários caluniosos e difamatórios que este havia feito sobre si, explicou.
Já Rui Almeida testemunhou que apenas se queria despedir do amigo Catão e ficou à espera que este saísse do carro, sem nunca ter qualquer comportamento que intimidasse ou impedisse Boaventura de sair da viatura.
Face às provas, o juiz valorizou a versão de Boaventura que é corroborada pelo vídeo e pelas imagens de videovigilância do estádio do São Pedro da Cova. Já as versões dos arguidos "colidem totalmente" com a versão do MP e com toda a prova documental, pericial e testemunhal, justifica a decisão.
Polémica
Acusou Vieira de lhe pedir para comprar árbitros e jogadores
Em março de 2019, Vítor Catão acusou o líder do Benfica de lhe pedir para pôr um GPS no carro de Pinto da Costa, dar uma "coça" a Francisco J. Marques e comprar árbitros e jogadores para favorecer o Benfica. Como prova, mostrou um vídeo gravado no gabinete de Filipe Vieira no centro de estágios do Benfica. O clube confirmou a ida de Catão ao Seixal, mas desmentiu as afirmações "objetivamente falsas e gravemente atentatórias da honra e dignidade do Benfica e do seu presidente".
Pormenores
Nega pistola
Na altura, Catão negou ter uma pistola. "Eu estou a gravar o vídeo com uma mão e, com a outra, até lhe dou um estalo. Como é que ia conseguir ter uma arma na mão? Eu nunca tive uma, aliás nunca peguei numa arma. Nem à tropa fui", disse ao JN.
Crimes
Vítor Catão e Rui Almeida vão ser julgados pelos crimes de sequestro, coação agravada, gravações ilícitas agravado, ofensa à integridade física simples e coação.
Catão ainda é acusado de mais três crimes de ameaça, um crime de difamação e três crimes de injúrias.