Conhecido adepto portista é hoje julgado por sequestrar empresário benfiquista em direto nas redes sociais.
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O conhecido adepto do Futebol Clube do Porto Vítor Catão começa esta sexta-feira a ser julgado no Tribunal de Gondomar. Está acusado de ter sequestrado, coagido, ofendido e ameaçado o empresário benfiquista César Boaventura, em março de 2019, num vídeo publicado nas redes sociais pelo próprio Catão. Terá atraído Boaventura a uma cilada, alegando ter uma coisa para mandar a Luís Filipe Vieira, então presidente do Benfica.
Segundo a acusação do Ministério Público (MP) de Gondomar, a relação entre os dois homens até era pacífica. Conheceram-se em dezembro de 2018, num restaurante da Póvoa de Varzim, por intermédio de André Castro, então diretor desportivo do Leixões, que queria ajudar a resolver os atritos existentes entre Luís Filipe Vieira e Vítor Silva, conhecido como Vítor Catão. Este tinha apresentado uma queixa-crime contra o então líder benfiquista, por ter sido apelidado de "capanga", em entrevista ao canal do clube encarnado.
Guimarães e Seixal
Depois do primeiro encontro, Boaventura e Catão mantiveram vários contactos e pelo menos dois encontros em que também esteve Vieira. Um na cidade de Guimarães e outro no centro de estágio do Benfica, no Seixal. A queixa acabou arquivada e Boaventura começou a distanciar-se do adepto portista.
Ainda segundo o MP, a 25 de março de 2019, Catão queria confrontar Boaventura com declarações que o empresário benfiquista teria feito sobre o F. C. Porto e o seus dirigentes. Via WhatsApp, ligou cinco vezes para Boaventura, que não atendeu. Enviou-lhe então uma mensagem de voz, em que lhe pedia para não ir para Lisboa sem falar com ele, porque teria umas coisas para mandar para Luís Filipe Vieira.
Boaventura respondeu e acabou por se deslocar ao parque de estacionamento do Estádio do S. Pedro da Cova em Gondomar, onde estacionou o seu Mercedes, perto do Porsche de Vítor Catão, e aguardou que este chegasse com a suposta encomenda.
O adepto portista chegou com o outro arguido do caso, um amigo de Catão, também acusado de sequestrar a vítima. Vítor sentou-se no banco do passageiro do Mercedes, enquanto o cúmplice impediria uma eventual tentativa de fuga de Boaventura pelo lado do condutor.
"Vou fazer um direto"
Catão terá ameaçado: "Vou fazer um direto. Ou falas tudo o que eu disser ou não sais daqui vivo", afirmou, segundo o MP, que também assegura que Catão empunhava um objeto em tudo semelhante a uma arma de fogo.
Boaventura acabou por pedir desculpa a "toda a gente do F. C. do Porto". No vídeo, Catão também reclama o pagamento de uma dívida ao empresário e exige mais pedidos de desculpa.
PJ procurou arma que vítima alega ter sido usada para o ameaçar
César Boaventura fez queixa após o episódio do direto nas redes sociais, filmado junto ao Estádio do S. Pedro da Cova (usado pelo clube homónimo, de que Vítor Catão era dirigente). Alegou que Catão o ameaçara com uma arma de fogo, levando a PJ a fazer buscas no estádio e em casa dos arguidos. Nada foi encontrado e, por isso, o MP não acusou por posse de arma ilegal. Catão sempre negou ter ameaçado Boaventura com uma arma.
Pormenores
Instrução
Vítor Catão pediu a abertura de instrução do caso e, no debate instrutório, negou ter sequestrado ou coagido Boaventura. Foi mais um "desabafo" em reação a comentários caluniosos e difamatórios que este havia feito sobre si, explicou.
Assistente
César Boaventura constituiu-se assistente no processo e deverá hoje marcar presença no Tribunal, apesar de estar sujeito à medida de coação de prisão domiciliária, numa investigação por fraude fiscal e branqueamento de capital de que é o principal alvo.