
"Xuxas" foi acusado dos crimes de tráfico de droga e associação criminosa
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Líder de rede de narcotráfico criou imobiliária para comprar imóveis através de contratos fictícios.
Rúben Oliveira, o narcotraficante conhecido por "Xuxas", usou uma imobiliária e uma empresa de táxis para "lavar" milhões de euros obtidos com o tráfico de toneladas de cocaína. Para iludir as autoridades, o líder da maior rede criminosa portuguesa usava falsos contratos na aquisição de imóveis e chegou a pagar 135 mil euros em notas ao dono de um prédio, em Lisboa. Rúben Oliveira também canalizou muitos dos lucros para o Dubai, país onde abriu contas bancárias e investiu no setor imobiliário.
O Ministério Público não tem dúvidas: Rúben Oliveira "elaborou um esquema que lhe permitiu ocultar bens e património próprios, bem como a dissipação, circulação e integração nos circuitos lícitos de avultados proveitos do crime". Parte desse esquema assentou na Auto Táxis Louridal, empresa na qual "Xuxas" injetou muito dinheiro para simular lucros de aparência legal.
Contudo, era na compra e venda de imóveis que o homem que negociava com cartéis colombianos, o Comando Vermelho brasileiro e ainda com o major Sérgio Carvalho, denominado "Escobar brasileiro", mais apostava para fazer branqueamento de capitais.
Segundo a acusação concluída esta semana, "Xuxas" criou, em 2020, a Vascopisus, Lda., e, através desta imobiliária, comprou e vendeu apartamentos, lojas e outros imóveis, situados na Grande Lisboa. Para conseguir "lavar" os muitos milhões de euros ganhos com o tráfico de cocaína, Rúben Oliveira combinava com o vendedor apresentar, no ato de escritura, um contrato fictício, com um valor inferior ao que efetivamente seria pago e que servia para enviar às autoridades fiscais e bancárias.
A diferença entre o valor constante no contrato e aquele que de facto pagava era entregue ao vendedor em notas. No caso da aquisição de um prédio em Lisboa, "Xuxas" entregou uma mochila com 135 mil euros em notas para cobrir a discrepância de valores.
Em seguida, os imóveis eram vendidos por "Xuxas" a preços superiores aos declarados no contrato e esse alegado lucro servia para justificar a sua riqueza. Parte dela, foi enviada para o Dubai, para onde o traficante fugiu em 2021.
Ostentação
Fortuna em joias
"Xuxas" não escondia a fortuna de ninguém. Quando foi detido, em junho do ano passado, usava um cordão de ouro de 54 mil euros, uma pulseira de 16 mil euros e um relógio Rolex, de 30 mil euros.
Gosto por relógios
Muitos dos 18 arguidos (além de três empresas) acusados de tráfico de droga e associação criminosa também ostentavam luxos. Vasco Soeiro, sócio de "Xuxas", tinha 19 relógios de luxo em casa.
