Na sexta-feira da semana passada, a Polícia Judiciária (PJ) deteve, em Leiria, Rodrigo Chaves, um brasileiro, de 38 anos, que fugiu para Portugal, depois de, em janeiro do ano passado, ter assassinado a tiro a ex-sogra e atirado o corpo a um riacho.
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No dia seguinte, foram detidos os montenegrinos Igor e Vladimir Bozovic. Pai e filho são elementos destacados da Kavac, uma das mais violentas máfias dos Balcãs, e há um ano que estavam escondidos numa quinta do Redondo, no Alentejo. Eram procurados desde 2017 por crimes como homicídio, extorsão, branqueamento de capitais e tráfico de armas e droga.
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Com estes casos, aumentou para 263 o número de criminosos que, desde 2018, foram detidos em Portugal, país que escolheram como esconderijo. Destes, 230 foram extraditados. No mesmo período, foram detidos no estrangeiro a pedido das autoridades nacionais 357 homicidas, traficantes, violadores ou raptores, que cometeram crimes em território português.
Os dados foram disponibilizados ao JN pelo Gabinete Nacional da Interpol e dizem respeito ao cumprimento de mandados de detenção, quer europeus, quer internacionais. Liderado pela inspetora-chefe da PJ Helena Gravato, este gabinete é uma estrutura essencial para a cooperação internacional no combate ao crime. "Os canais de cooperação internacionais são fortes e a troca de informação é constante. Recebemos entre oito e 15 mil mensagens por dia, só da Interpol. Se incluirmos a Europol, falamos de outras tantas", refere.
Helena Gravato explica que os criminosos internacionais que se refugiam em Portugal são detidos em circunstâncias fortuitas ou no âmbito de uma investigação considerada prioritária e que leva à descoberta do paradeiro do fugitivo.
Pandemia travou detenções
A responsável pelo Gabinete Nacional da Interpol esclarece ainda que a pandemia da covid-19 teve um forte impacto nas detenções efetuadas ao longo de 2020. Com as viagens restringidas e a atividade policial condicionada, o número de detenções em Portugal caiu para quase metade do valor alcançado em 2019. Apesar desta vicissitude, consegue-se perceber que, no ano transato, 18 dos 43 detidos no cumprimento de mandados de detenção europeus eram portugueses, enquanto seis eram romenos. Entre outras nacionalidades, também foram detidos cidadãos do Afeganistão e da Gâmbia a pedido, sobretudo, da polícia espanhola, mas também francesa, alemã, belga e romena. O tráfico de droga é o principal crime justificativo das detenções, seguido dos roubos e homicídios.
Já no âmbito de mandados de detenção internacionais, sete dos 13 detidos eram brasileiros. Os restantes eram oriundos da Moldávia, Rússia, Paquistão e Portugal, e eram acusados, essencialmente, de furto, roubo, tráfico de droga e homicídio. Três deles acabaram por ser extraditados para o Brasil e um para a Suíça.
Nos três primeiros meses deste ano, 20 criminosos procurados internacionalmente foram localizados e detidos pelas autoridades portuguesas.