Tribunal de Lamego arquiva processo de promoção e proteção de menor, com críticas a esta e à família.
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Era a notícia que Filipa e a família esperavam. A jovem de 17 anos que, em meados de outubro, fugiu da instituição de acolhimento onde vivia há anos e se refugiou na casa dos pais, na aldeia de Barcos, Tabuaço, foi agora autorizada pela justiça a ficar com a família.
A menor e os pais não escondem a satisfação com o arquivamento do processo de promoção e proteção, que levou a que Filipa Pinto fosse retirada do seu lar há mais de dez anos.
"Não existem atualmente condições para que seja aplicada qualquer medida à jovem, atenta a forte oposição da mesma e grande falta de colaboração por parte dos progenitores, demonstrada ao longo de anos", sustenta o Juízo de Família e Menores de Lamego, lembrando as "sucessivas fugas da instituição", que, defende, "colocam a jovem numa situação de perigo ainda maior".
No despacho de arquivamento, o tribunal lamenta que Filipa "não tenha aproveitado todos os esforços que foram encetados ao longo dos anos para que concluísse o seu percurso escolar" e defende que a manutenção na casa de acolhimento da Misericórdia de Resende ou o reforço das medidas de proteção também resultariam "num fracasso, atentas todas as tentativas de ajudar a família levadas a cabo por várias entidades ao longo de longos anos".
Acabar o 9.º ano na terra
Filipa Pinto mostra-se satisfeita com esta decisão da justiça e recorda que queria "há muito tempo" voltar à sua casa, apesar desta não ter todas as condições. Garante que nunca foi protegida pelo Estado, caso contrário não tinha sido maltratada nas instituições por onde passou. Agora só quer acabar o 9.o ano na sua terra natal.
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Pai está satisfeito
Sifredo Pinto, o pai da menor, partilha as críticas ao sistema, considerando que só agora se fez justiça. "Tenho a minha filha ao pé de mim, agradeço que nunca mais me batam à porta", afirma.
Filipa fugiu duas vezes
Filipa Pinto foi retirada aos pais juntamente com três irmãs. Viveu em cinco instituições sociais. Da última casa de acolhimento onde esteve, a Misericórdia de Resende, fugiu duas vezes.