Juíza considera haver risco de fuga. Vítimas alegam que "ambiente de intimidação" anulou capacidade de reação.
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Os dois jovens de Famalicão que foram presos preventivamente em Gijón, Espanha, por suspeita de violação, vão continuar na cadeia. O tribunal de instrução criminal local não deu provimento ao recurso que pedia a sua libertação sob fiança.
A decisão foi proferida pelo mesmo tribunal que aplicara inicialmente a prisão preventiva. Segundo a imprensa espanhola, o tribunal manteve aquela medida de coação invocando "a falta de reconhecimento", pelos recorrentes, "do quatro intimidatório criado" sobre as vítimas, a "moldura penal dos ilícitos" e o "risco de fuga" dos suspeitos.
Mas a defesa garantiu, ao JN, que tem já pendentes outros dois recursos, junto do tribunal provincial, com vista à libertação dos arguidos ou, caso esta não seja concedida, à transferência dos mesmos para uma cadeia portuguesa.
SEXO PARA LÁ DO ACORDADO
Quatro portugueses, com idades entre 20 e 30 anos, foram detidos a 24 de julho, na cidade asturiana de Gijon, suspeitos de violarem duas raparigas espanholas de 22 e 23 anos. Dois seriam libertados, os outros ficariam no Centro Penitenciário das Astúrias.
O despacho da juíza de Gijon indicia estes de dois crimes de agressão sexual, com penetração vaginal e oral.
Segundo o auto da detenção, citado pelo jornal El Independiente, as duas raparigas admitiram ter acordado manter relações com um dos portugueses e foram para o quarto. Outro jovem seguiu-os, dizendo que uma delas o chamou. Mas elas negam esta versão.
Uma rapariga disse que o facto de os portugueses terem apagado a luz do quarto e falarem um língua estranha criou um "ambiente de intimidação" que lhe causou "angústia, desassossego, insegurança e surpresa". Por isso, assumiu uma postura "submissa e de passividade, fazendo o que os dois homens lhe diziam para fazer". A outra rapariga acabaria por ficar a sós com um terceiro português. E o quarto homem do grupo não terá participado em atos sexuais.
Ainda segundo o testemunho das raparigas, uma terá verbalizado aos portugueses que "estavam a consentir em coisas que não eram as que haviam acordado num primeiro momento".
O auto frisa que, inicialmente, a vítima mais grave evitou, mas, depois, submeteu-se aos caprichos dos jovens, porque tinha "urgência" em sair do quarto. Mal chegou ao portal do prédio, caiu a chorar. Depois, foram até casa e, por fim, apresentaram queixa contra os portugueses, diz o auto.
PENAS
Até 15 anos de prisão
O Código Penal espanhol prevê uma pena entre seis a 12 anos de prisão para o crime de agressão sexual com penetração. A moldura penal sobe para 12 a 15 anos quando é cometido conjuntamente por duas ou mais pessoas.
Julgamento só em 2022
Caso sejam acusados, o julgamento dificilmente começará antes do verão do próximo ano.