As anunciadas alterações ao traçado da A32, auto-estrada que fará a ligação entre Oliveira de Azeméis e Gaia, estão a causar uma onda de revolta entre autarcas do Entre Douro e Vouga. O Governo vai receber uma carta de contestação.
Corpo do artigo
Em causa estão alterações ao traçado já definido e que recebeu luz verde do Ministério do Ambiente, em 2006. A revolta sobe de tom e espalha-se a vários municípios atravessados pela nova via. O presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis, Ápio Assunção, junta a sua voz aos protestos e acusa a Brisa de recorrer a "critérios economicistas", causando prejuízos às populações. Na manhã de ontem, o autarca promoveu uma conferência de imprensa para dizer que não vai aceitar as alterações do traçado que a Brisa está a preparar, nomeadamente na freguesia de Pindelo, que "vai ficar dividida a meio". Apesar de não especificar, o presidente da Câmara ameaça ir até "às últimas consequências" depois de ter sido informado pelo presidente da Junta de Pindelo, José António Santos, que os técnicos da Brisa "andaram na freguesia a tentar negociar terrenos que não faziam parte do traçado inicial". "Vai obrigar à demolir várias casas e grandes empresas que são muito importantes para o concelho e país", acrescentou. José António Santos garante que os protestos da população vão fazer-se ouvir: vai ser promovido de imediato um abaixo-assinado. Apesar de Santa Maria da Feira ser o concelho mais "atingido" com a alteração pretendida, o presidente da Câmara Municipal, Alfredo Henriques, afirma que o traçado agora proposto é o que está "mais próximo" daquele que inicialmente defendia e que não foi aceite pelo Governo. Ainda assim, o autarca considera que se trata de uma decisão "surrealista que as populações não vão aceitar". "Como vai agora reagir o secretário de Estado que na altura não quis discutir com os municípios as suas propostas e decidiu-se pelo traçado que agora querem alterar?", questiona Alfredo Henriques, concluindo que em causa estão "interesses para a obra ficar mais barata". Já no passado dia 29 de Maio, os presidentes das câmaras de Vale de Cambra, Arouca e Oliveira de Azeméis estiveram reunidos e decidiram, por unanimidade, rejeitar qualquer tipo de alterações ao corredor definido, afirmando que não aceitarão "passivamente decisões que configurem situações 'de facto' violadoras de princípios democráticos de participação e decisão". O corredor da A32 foi aprovado em Novembro de 2006, tendo o Ministério do Ambiente emitido a declaração favorável ao traçado designado B+B1. Um percurso que acabaria por ser aceite pelos autarcas, depois de alguma contestação inicial. O contrato de concessão rodoviária do Douro Litoral (entregue ao consórcio AEDL - Auto-Estradas do Douro Litoral, liderado pela Brisa) foi assinado, em Dezembro passado, em S. João da Madeira. As alterações ao traçado inicial terão que passar por nova consulta pública e avaliação ambiental. Só depois se saberá se a nova proposta apresentada receberá, ou não, o deferimento do Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional.