Elevado número de despistes com feridos e carros destruídos motiva abaixo-assinado. Câmara pondera colocar lombas para limitar velocidade.
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A população de Vagos promoveu um abaixo-assinado a pedir à Câmara que faça obras na estrada municipal que liga Santa Catarina e Parada de Cima. Dizem que é perigosa e palco de dezenas de despistes por ano. O presidente da Câmara estuda a colocação de lombas.
A revolta passou para o papel pela mão de Júnior Conde, depois de o pai ter tido um acidente grave naquela estrada, em dezembro. "Ia a pouca velocidade e despistou-se na curva. Ainda está hospitalizado, com paralisia de pernas e braços".
Na mesma estrada, outros familiares e amigos tiveram acidentes. "São dezenas todos os anos", insiste Júnior Conde, explicando que se trata maioritariamente de despistes, em alguns casos, seguidos de capotamento por haver zonas em que a berma é mais baixa que a via. Em causa estará, sobretudo, a "falta de aderência do piso e não o excesso de velocidade", acrescenta.
Relatos não faltam. Bárbara Magalhães despistou-se no final do ano passado. O carro virou e ficou encarcerada. "A estrada não tem aderência, por isso é que tantos derrapam", conta. Há semanas, foi Madalena Quintaneiro. "Perdi o controlo e o carro patinou". Acabou por capotar. Não chamou autoridades, mas a gravidade foi tal, que o carro não teve conserto.
Um morto
Segundo Júnior Conde, na última década, "uma pessoa morreu, muitas dezenas tiveram acidentes e várias viaturas foram para a sucata". Mas como "na maioria das situações as pessoas têm o acidente sozinhas e são só danos materiais, não fazem participação à GNR nem chamam bombeiros" e, por isso, as autoridades não percebem a verdadeira dimensão do problema, completa Pedro Domingues, que mora junto à via e já ajudou em diversos acidentes.
Júnior Conde contactou a Câmara e, no início do ano, "colocaram um sinal, com a indicação de curva", conta. Só que "isso não vai resolver o problema", pelo que, promoveu um abaixo-assinado, que recolheu 440 assinaturas e foi enviado há dias para a Câmara.
Não é ponto negro
Silvério Regalado, presidente da Câmara de Vagos, adiantou, ao JN, que os dados oficiais de sinistralidade naquela estrada não a classificam como um ponto negro. Foram registados pelos bombeiros três acidentes em 2020, dois em 2019 e um em 2018.
Ainda assim, adianta, "temos conhecimento de um aumento da sinistralidade nos últimos meses". "Já fizemos um reforço da sinalização e vamos tomar mais medidas", adianta o autarca, explicando que está a ser "estudada a colocação de limitadores de velocidade junto às curvas", ou seja "lombas". Será uma medida "no imediato" mas não descarta outras intervenções.
Pormenores
Abaixo-assinado
Um abaixo-assinado, com 440 assinaturas, foi entregue, há dias, à Câmara de Vagos. Relata a situação e pede intervenção urgente na estrada.
Sinal não chega
No início do ano, depois de ter sido alertada para os despistes, a Câmara procedeu a um reforço da sinalização na via. A população diz que não resolve.
Sem aderência
Os relatos dos acidentes têm em comum a indicação de que o piso não tem "aderência", levando os carros a derrapar. Em alguns locais, a berma é mais baixa, pelo que, viram ou capotam.