Estacionamento, acesso a zonas de proteção total e fogueiras foram principais razões dos autos levantados.
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Com o refúgio que muitos portugueses encontraram este verão nas zonas mais rurais do país, em especial no único parque nacional do país, a Peneda-Gerês, houve registo de mais de meio milhar de multas por infrações nas visitas ao parque, além de um elevado número de acidentes nas praias fluviais e cascatas.
Segundo dados oficiais da GNR, até ao passado dia 17, só nas praias fluviais entre Rio Caldo e Vilar da Veiga, em Terras de Bouro, onde se registaram três mortes (mais duas que no ano passado), o comando Territorial de Braga aplicou 154 autos de contraordenação em áreas balneares, grande parte dos quais por condução de motos e embarcações sem a carta de condução. O estacionamento irregular nas zonas fluviais, colocando em causa a circulação dos veículos de socorro, levou ao levantamento de 230 multas, com 157 autos por acesso a zonas de proteção total.
Devido ao aumento de turistas, a fiscalização foi também intensificada pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, nomeadamente guardas florestais e vigilantes da natureza. Contou ainda com a parceria do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da GNR e da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (também da Guarda).
Mais turistas, mais multas
Ora, com a multiplicação de ambos (turistas e fiscalização), este ano mais do que duplicou o número de coimas (de 20 no ano passado passou para 48 em 2020) e o somatório dos valores dessas multas quase triplicou (de 7960 euros em 2019 para 27140 euros este ano). As principais razões para a aplicação das coimas foram queima de resíduos por empresas e particulares, fogueiras no parque e acesso a zonas de proteção total.
"Houve um acréscimo muito acentuado de turistas, o que saudamos, mas a verdade é que, associada a essa procura, muitos não cumprem regras, o que levou as autoridades a terem de atuar, apesar das ações de sensibilização", referiu o presidente da Câmara de Terras de Bouro. Manuel Tibo explicou que "só com a criação de infraestruturas, mediante a atribuição de competências territoriais aos cinco municípios do parque, haverá condições para evitar acidentes e abusos".
Também o presidente da Câmara de Montalegre, Orlando Alves, confirma que houve mais turistas este verão, "o que ajudou a dinamizar a economia local". O autarca salienta que "o único parque nacional não pode continuar a ficar conspurcado no final das visitas", nem ser um local onde muitos vão passear por onde não devem, "perdendo-se pelos montes e colocando em risco bombeiros e militares". O autarca apoia as coimas para defender "o pagamento do custo dos salvamentos".
ACIDENTES
Três mortes nas praias fluviais neste verão
O Gerês registou este ano três mortes (dois afogamentos e um acidente com moto de água), todas nas praias da albufeira da Caniçada, em Terras de Bouro, entre finais de agosto e início de setembro, quando, nos anos anteriores, os casos fatais ocorreram não só nos rios Gerês e Cávado, como nas cascatas do Arado. As do Tahiti têm sempre números recorde de feridos. Em 2019, morreu uma jovem, nas Sete Lagoas, Montalegre, enquanto no ano anterior se registaram três mortes, duas por quedas no Arado e uma por afogamento. Nestas zonas têm estado em primeira linha os Bombeiros de Terras de Bouro, Montalegre e Salto, Cruz Vermelha de Gerês, Rio Caldo e Terras de Bouro, a Unidade de Emergência de Proteção e Socorro da GNR e postos da GNR de Terras de Bouro, Gerês e Montalegre, Terras de Bouro, concelho mais procurado, a liderar, por isso, o número de ocorrências e de mortes.