Uma montaria realizada este fim de semana na Quinta da Torre Bela, em Aveiras de Cima, no concelho da Azambuja, está a causar uma onda de indignação entre ambientalistas e políticos, depois de ter sido divulgado nas redes socais que, durante a caçada, terão sido mortas 540 animais, entre javalis e veados.
O alegado "massacre", divulgado pelo jornal online Fundamental, terá levado ao abate da maior parte dos veados e gamos existentes na herdade, assim como uma grande quantidade de javalis, a julgar pelas fotos e comentários difundidos por alguns dos caçadores que participaram na montaria.
"Não foi caçar, foi massacrar aqueles animais que não tinham para onde fugir, pois o abate da floresta tem sido permanente e os animais estavam confinados aos muros da propriedade", reagiu em comunicado o Partido Socialista (PS) da Azambuja, prometendo denunciar a situação ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e ao governo, para que verifiquem a legalidade "daquele ato soez". "Denunciamos e estamos totalmente contra este abate, feito à margem de todo o bom senso, podendo provavelmente ser classificado como um crime ambiental", adiantam os dirigentes socialistas.
A direção nacional do Partido Pessoas, Animais e Natureza (PAN) também reagiu a esta "matança", através das redes sociais. "O PAN pretende saber o que levou à autorização desta montaria, numa zona de grande sensibilidade ecológica, envolta em polémica, onde inclusivamente está prevista a instalação de uma central fotovoltaica com 775 hectares e cujo Estudo de Impacte Ambiental (EIA) encontra-se em fase de consulta pública até 20 de janeiro de 2021", refere a nota divulgada pelo partido liderado por André Silva.
INCF abre inquérito
Em comunicado, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) revelou, esta tarde, que "não teve conhecimento prévio" da ação cinegética na Zona de Caça Turística (ZCT) de Torrebela, tendo determinado a abertura de um processo de averiguações.
"Considerando os números de animais abatidos divulgados pela comunicação social, o ICNF deu já início a um processo de averiguações junto da Entidade Gestora da ZCT no sentido de apurar os factos ocorridos e eventuais ilícitos nos termos da legislação em vigor", refere o documento.
Segundo a mesma nota, o Plano de Ordenamento e Exploração Cinegético de ZCT de Torrebela "prevê a exploração do veado e do javali, pelos métodos previstos na lei, onde se incluem as montarias". Nesse sentido, o que poderá estar em causa é uma alegada "ação cinegética excessiva".