Dois veleiros sofreram ataques de orcas ao largo de Sines em menos de 24 horas. O caso mais grave ocorreu, por volta das 14 horas desta terça-feira,com a Polícia Marítima a ter de rebocar um veleiro que perdeu a navegabilidade ao largo de Melides após a interação com um grupo de orcas que danificou o leme. Não houve feridos resultantes destas ocorrências.
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Numa publicação no grupo de avistamento de orcas no Facebook, o velejador ontem alvo da interação com os animais descreve que o grupo de quatro ou cinco orcas atacou o leme da embarcação durante cerca de 20 minutos. Ainda tentou colocar o veleiro em marcha a ré e parar o motor - manobra conhecida como "Marc Hermínio e que é recomendada pelas autoridades perante estes casos - mas sem sucesso.
A embarcação tinha saído de Sines rumo ao Cabo Espichel, Sesimbra, e foi rebocada pela embarcação da Estação Salva Vidas de Sines para o porto de recreio.
Na tarde desta segunda-feira, o veleiro Sail La Vie, de Lisboa, foi alvo de uma interação com um grupo de orcas quando passava ao largo da Zambujeira do Mar. O velejador Tomás Barradas, de 41 anos, conseguiu repelir o grupo de animais ao colocar a marcha à ré. Após o ataque, seguiu rumo a Sesimbra com o leme danificado, mas sem necessidade de reboque.
Ao JN, Tomás Barradas, de Oeiras, conta que seguia de Lagos rumo a Sesimbra sozinho quando avistou os animais. "Passava à vela perto da Zambujeira do Mar e senti um movimento no leme. Um grupo de cerca de cinco orcas danificou o leme e vi pedaços de esferovite no mar". O velejador ligou o motor da embarcação, recolheu a vela e colocou-a em marcha à ré.
Foi um episódio stressante e não é fácil manter a cabeça fria perante estes encontros
"Quando efetuei as manobras elas perderam o interesse mas regressaram mais duas vezes. Andei algum tempo às voltas de marcha à ré até que o grupo desapareceu", contou. "Foi um episódio stressante e não é fácil manter a cabeça fria perante estes encontros", concluiu.
Até 2019 não havia registo de interações com estes animais que desde sempre passaram ao largo da costa na rota do atum, mas a partir de 2020 começaram as interações, muitas perigosas.
Naufrágio no início de agosto
A maior parte das ocorrências são registadas em Espanha, mas em Portugal, em 2020, houve 17 ocorrências, oito das quais com danos nas embarcações, nomeadamente o leme.
Em 2021 foram registadas 61 ocorrências, 26 com danos. Este ano, até meados de agosto, o número baixou. De acordo com o ICNF houve 18 interações, das quais sete embarcações com danos, uma das quais naufragou em Sines, no início de agosto.
Entre março e agosto as orcas rumam a sul, desde a Galiza ao estreito de Gibraltar, seguindo a migração do atum e entre setembro e outubro regressam a norte.