O Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e a Associação Naval de Lisboa (ANL) criaram um protocolo de segurança para o caso de interação de barcos com orcas numa altura em que estes incidentes são cada vez mais frequentes em águas portuguesas.
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O novo protocolo de segurança visa assegurar "a identificação e implementação de medidas de autoproteção das embarcações" e "a segurança e liberdade de navegação", de acordo com um comunicado enviado às redações.
As duas entidades recomendam que, em caso de interações dos barcos com orcas, a tripulação "imobilize a embarcação e deixe o leme solto" ou "engate a marcha à ré e navegue assim durante o tempo considerado necessário, sem mudanças bruscas de direção". Segundo o ICNF e a ANL, apesar de não haver uma garantia de que estas manobras parem a interação, os dados apontam para uma" redução significativa da intensidade e duração do contacto das orcas com o leme e, em alguns casos, a ação é mesmo interrompida".
Estas medidas podem ser complementadas com a produção de sons através do batimento de uma peça metálica nos varandins da embarcação e o recurso a um projetor ou lanterna à noite para provocar encandeamento dissuasor. As entidades desaconselham o uso de "pingers" - dissuasores acústicos.
O protocolo alerta ainda que "deve ser evitada a movimentação no convés" e recomenda que as autoridades sejam contactadas no canal 16, através do número de telefone da Emergência Mar na Costa Portuguesa (214401919) ou através do 112. Os incidentes devem também ser reportados no site https://www.orcaiberica.org/quest ou através do e-mail da Associação Naval de Lisboa (vela@anl.pt).
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Incidentes com orcas cada vez mais frequentes
O JN noticiou, em outubro do ano passado, que os ataques de orcas ao largo da costa portuguesa triplicaram este ano relativamente a 2020. Só nos primeiros dez meses de 2021 houve 51 registos, 21 deles com danos nas embarcações.
No final de julho deste ano, cinco pessoas foram resgatadas depois de o veleiro onde seguiam ter afundado após um encontro com orcas, ao largo da costa de Sines. Horas antes, uma embarcação de passeios turísticos conseguiu escapar de uma interação com um grupo de orcas em Sesimbra. O comandante da embarcação turística decidiu executar a manobra de Marc Herminio, que no ano passado repeliu um ataque de dez orcas em Gilbraltar, ao colocar o seu veleiro em marcha à ré, em vez de o imobilizar e desligar o motor, como é sugerido pelas autoridades.
Por sua vez, no fim de agosto, dois veleiros sofreram ataques de orcas ao largo de Sines em menos de 24 horas. O caso mais grave ocorreu, por volta das 14 horas desta terça-feira, com a Polícia Marítima a ter de rebocar um veleiro que perdeu a navegabilidade ao largo de Melides após a interação com um grupo de orcas que danificou o leme. Não houve feridos resultantes destas ocorrências.