Cerca de 40 estudantes do ensino superior manifestaram-se hoje no Porto contra a falta de investimento por parte do Estado, criticando também à atuação da Câmara do Porto a quem acusam de privilegiar quem vem estudar do estrangeiro.
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Acedendo ao apelo feito pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa, os estudantes concentraram-se no Jardim da Cordoaria numa reunião de preparação também para o Dia do Estudante, que se comemora na sexta-feira.
Ricardo Ferraz, do Movimento Juntos por Ciências, deu conta da adesão de vários movimentos de diversas faculdades, elencando depois um conjunto de problemas relacionados com a falta de investimento por parte do Estado português.
"É um problema que também existe no Porto, principalmente em Belas Artes, cuja faculdade tem estruturas muito degradadas ou, por exemplo, em Ciências, em que a cantina tem muito má qualidade, as filas são enormes e o preço [das refeições] aumentou", disse o porta voz, citando ainda a Faculdade de Letras, "onde as estruturas também não são as melhores".
Também no Porto as propinas geram descontentamento, considerando Ricardo Ferraz "serem um entrave ao acesso ao ensino superior", apelando, por isso, ao seu fim.
"Achamos que num prazo de cinco anos as propinas deviam acabar pois é um entrave muito grande e há muito estudantes que não conseguem entrar no ensino superior por causa disso. O ensino superior devia ser gratuito e de qualidade", defendeu.
Continuando a elencar os problemas de quem vem estudar para o Porto, o estudante da área de Ciências citou ainda o "caso das residências [para estudantes], em que por causa de haver muitos que não conseguem obter uma bolsa [de estudo]" acabam por não conseguir entrar numa residência, "sendo que algumas delas têm más condições".
"Por exemplo, em Letras, há uma residência que não tem cozinha", denunciou Ricardo Ferraz.
Questionado se achava que o Porto também havia ficado mais caro para os estudantes, o porta voz concordou e acrescentou que apesar do "desenvolvimento havido na cidade", ainda assim "há muitas coisas que os estudantes sentem falta, por exemplo as residências".
"O Porto tem, de facto, investido muito nas residências para estudantes estrangeiros mas os portugueses ficam, muitas vezes, em desvantagem", acusou.
Segundo Ricardo Ferraz, a par da manifestação, os estudantes fizeram vários "abaixo-assinados em Ciências, em Letras, no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar e na Asprela versando vários problemas" e que irão ser "endereçados ao Ministério do Ensino Superior".