A Organização das Nações Unidas (ONU) e a Agência France Press (AFP) anunciaram hoje, no México, o lançamento de um prémio anual de jornalismo em memória dos jornalistas Miroslava Breach e Javier Valdez, assassinados em 2017 neste país.
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O Prémio Breach-Valdez visa "reconhecer a carreira e jornalistas mexicanos que se distinguiram na defesa dos direitos do homem", indicou em conferência de imprensa Giancarlo Summa, diretor do gabinete de informação na ONU no México.
Javier Valdez, colaborar da AFP durante uma dezena de anos, e especialista no tema do tráfico de droga, foi abatido em pleno dia, em maio, na cidade de Culiacan, no estado de Sinaloa, situado no noroeste do país.
O inquérito ainda não permitiu levar à detenção dos responsáveis do crime que vitimou este reputado jornalista, igualmente cofundador do semanário Riodoce e colaborador do diário La Jornada.
Miroslava Breach, que era correspondente do La Jornada no estado fronteiriço de Chihuahua, no norte, realizava investigações sobre os laços presumidos entre o poder político e o crime organizado neste Estado, quando foi abatida, quando se preparava para levar o seu filho à escola.
O Prémio Valdez-Breach, também apadrinhado pela embaixada de França no México, a UNESCO e a Universidade Ibero-Americana, vai ser entregue em 03 de maio na Cidade do México.
O premiado vai ser convidado a ir a França falar da situação da comunicação social no México.
"Queremos combater o esquecimento, combater a normalização desta violência para que não tenhamos de nos interrogar sobre quem vai ser o próximo", afirmou Jan Jarab, representante no México do Alto-Comissário da ONU para os Direitos do Homem.
O prémio é apadrinhado pelo jornalista de investigação mexicano José Reveles.
Mais de cem jornalistas foram assassinados no México desde 2000, o que torna o país um dos mais perigosos do mundo para exercer esta profissão.
Em 2017, foram mortos no México pelo menos 11 jornalistas, segundo a organização não-governamental Repórteres sem Fronteiras.
"Não há qualquer indício que leve a crer que os crimes contra os jornalistas vão diminuir", declarou, durante uma conferência de imprensa, Griselda Triana, viúva de Javier Valdez.
Na noite de quarta-feira, o jornalista Leobardo Vazquez foi assassinado no Estado de Veracruz, tornando-se o segundo jornalista assassinado no país desde o início do ano.