No âmbito do VII Congresso de Editores de Meios de Comunicação Social da União Europeia e América Latina, Asela Pintado, diretora executiva do Observatório Europeu de Análise e Prevenção da Desinformação, falou com o JN antes da sua intervenção sobre "fake news" nas guerras Rússia-Ucrânia e Israel-Hamas.
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Se tivesse de comparar as duas guerras mais mediáticas a decorrer neste momento, onde detetou mais desinformação? No conflito russo-ucraniano ou na luta entre Israel e Hamas? "São guerras diferentes e isso acontece em todos os níveis. No conflito russo-ucraniano, foram utilizados os meios mais clássicos de desinformação, recorrendo a dados falsos, usaram-se milhões de contas para gerar um falso debate e influenciar o estado de espírito do oponente. É desinformação contra a população e o Exército adversário. O que está comprovado é que quem mais utilizou foi a Rússia. Pelo contrário, no caso palestiniano/israelense, os métodos têm sido diferentes. O Hamas utilizou a desinformação dirigida à sociedade ocidental para pressionar Israel. E fê-lo recorrendo a atores para criar situações que serão intoleráveis para o Ocidente", afirmou Asela Pintado.
"Geoestratégia. Desinformação e notícias falsas nas guerras contemporâneas" é o painel do VII Congresso de Editores de Meios de Comunicação Social da União Europeia e América Latina em que Asela Pintado intervém hoje à tarde. A pergunta anda na cabeça de todos os jornalistas e daqueles que se preocupam com o impacto das "fake news". É possível controlar o fenómeno? "As notícias falsas são incontroláveis a partir do momento em que são veiculadas. O que deve ser feito é estimular o espírito crítico na população e capacitar a sociedade para acreditar ou não naquela notícia. O problema é que vivemos em cenários que dificultam a diferenciação da realidade com notícias falsas. Esse é o grande problema, é cada vez mais difícil ver a diferença entre a verdade e a falsidade", afirma a diretora do Observatório Europeu que estuda a disseminação de informações não verificadas ou propositadamente distorcidas.