Após semanas de resiliência por parte dos profissionais que ficaram, a edição da "Caras" que chega esta semana às bancas é a última lançada pela Trust in News, na sequência do encerramento judicial da empresa. A Perfil Inversora, proprietária da marca, irá decidir os próximos passos da revista.
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Depois de três décadas de presença nas bancas portuguesas, a "Caras" entra numa nova fase da sua história. A edição que chega esta semana ao público é a última lançada pela Trust in News (TiN), empresa que desde 2017 detinha o licenciamento da revista em Portugal e cuja atividade foi encerrada judicialmente.
O futuro da publicação fica agora sob a responsabilidade da Perfil Inversora, representada em Portugal pela firma de advogados Clareira. É esta entidade que passa a deter a gestão direta da marca e que definirá o rumo de uma revista que, há quase trinta anos, ocupa um lugar próprio no panorama da imprensa nacional.
Num comunicado publicado no site e nas redes sociais, a equipa da "Caras" expressa um agradecimento aos leitores e deixou uma mensagem de esperança: "Um agradecimento especial aos nossos leitores, a quem saudamos com um "até já", na esperança de nos voltarmos a encontrar muito em breve."
A redação destaca ainda "o rigor e o empenho de todos os profissionais" que contribuíram para o percurso da publicação, lembrando que, apesar das dificuldades dos últimos tempos, a "Caras" "nunca baixou os braços".
Três décadas de histórias e sonho
A "Caras" chegou às bancas portuguesas a 9 de setembro de 1995, com Julio Iglesias na capa da sua primeira edição. Seguiram-se Cinha Jardim e Pedro Santana Lopes na segunda, e Rita Blanco ao lado de Brigitte Nielsen na terceira - um início marcado pelo glamour e pela aposta na proximidade com figuras conhecidas.
A criação da edição portuguesa resultou de uma parceria com o Brasil e inspirou-se na revista espanhola "¡Hola!". Há uns anos, numa entrevista, Fernanda Pais Dias, a primeira diretora da "Caras", recordou que o projeto trouxe uma nova forma de fazer revistas sociais em Portugal, com produções fotográficas mais cuidadas, reportagens em profundidade e um olhar atento ao detalhe.
A ex-responsável explicou ainda que, na altura, o foco era mostrar as personalidades "no seu melhor" - em ambientes elegantes, em eventos e nas suas casas - conferindo à publicação uma dimensão de moda e decoração que rapidamente conquistou leitores.
Ao longo dos anos, a "Caras" manteve-se fiel a essa linha editorial, resistindo às modas dos reality shows e privilegiando sempre o lado positivo da vida. Passaram pela direção nomes como Felipa Garnel, Conceição Pissarra, Natalina Almeida e, atualmente, Carlos Maciel, todos comprometidos em preservar o tom de sobriedade e qualidade que definiu a revista.
Três décadas depois, a "Caras" continua nas bancas, pronta para um novo capítulo. O ciclo da Trust in News chega ao fim, mas a história da revista - símbolo de rigor, elegância e sonho - prossegue, com o seu destino agora nas mãos da Perfil Inversora.
A edição portuguesa da "Caras" nasceu de uma parceria com a editora brasileira Abril, que detinha a licença original. O grupo Perfil, atual proprietário da marca, é uma editora internacional que detém também outras publicações de referência, como a "Rolling Stone" e a "Contigo!".