Um grupo de jornalistas da Visão, incluindo o diretor, enviou uma proposta de autorização para a assembleia de credores iniciar o processo de venda da revista em separado, segundo o pedido a que Lusa teve acesso este domingo.
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A assembleia de credores da Trust in News (TiN), dona da Visão e de outros títulos, está marcada para segunda-feira de manhã, no tribunal de Sintra.
Num documento enviado ao Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Oeste, ao juiz, ao presidente da assembleia de credores e ao administrador de insolvência, os "proponentes e requerentes, trabalhadores e credores privilegiados da insolvente, que constituem um grupo de jornalistas que tem estado a assegurar a produção da revista Visão vêm, pelo presente, apresentar uma proposta de autorização da assembleia de credores para iniciar o processo de venda do seguinte ativo integrante da massa insolvente".
O objeto da proposta é a aquisição da marca nacional n.º 373402 - Visão, "atualmente integrada no ativo da insolvente Trust In News, Unipessoal Lda, incluindo todos os direitos inerentes ao registo junto do INPI, incluindo os títulos Visão Júnior, Visão História, Visão Biografia, Visão Saúde, Visão Sete e os respetivos domínios na Internet", lê-se no documento.
A marca "é um ativo estratégico, com elevado valor cultural e económico, cuja preservação na titularidade do seu corpo de jornalistas é essencial para a continuidade do projeto editorial e para a manutenção da identidade da publicação", referem, na fundamentação.
"A aquisição da referida marca pelos trabalhadores da Visão, que são igualmente credores privilegiados da massa insolvente da Trust in News, visa assegurar a continuidade da atividade editorial daquela publicação semanal, que consegue manter uma tiragem média de cerca de 15 mil exemplares, salvaguardando ainda postos de trabalho e garantindo a valorização deste ativo (e pagamento do respetivo preço) em benefício da massa insolvente", prosseguem.
Segundo um estudo de viabilidade "solicitado pelos proponentes, a revista Visão, separada do restante património que compõe a massa insolvente, poderá ter viabilidade económica".
Os trabalhadores da revista "consideram que existe clara vantagem na alienação separada deste elemento integrante da massa insolvente, (...) que necessariamente deve ser feita ao grupo de jornalistas que, nas mais difíceis condições, têm continuado a assegurar a sua publicação semanal, únicos que podem assegurar a continuidade do projeto editorial" da mesma.
Apesar dos salários por pagar e das dificuldades financeiras que têm enfrentado, "os requerentes, em seu nome e no daquele grupo de jornalistas da Visão - que se constituirão em sociedade cooperativa ou por quotas caso esta proposta seja acolhida pela assembleia de credores - estão convictos de estarem a apresentar uma proposta que consideram satisfatória e benéfica para a massa insolvente, tendo em conta a atual situação da revista e da sociedade insolvente a que o título pertence".
Se esta proposta de venda separada for aceite, dizem, "assegurará alguma liquidez imediata para a massa insolvente, evitando a desvalorização do ativo em causa em leilão ou venda forçada, sendo que o resto do estabelecimento comercial da insolvente poderá prosseguir sem a inclusão do título".
De acordo com as condições propostas, o valor base é de 40 mil euros ou valor a definir após avaliação por avaliador independente, sendo que a modalidade de venda é negociação particular, de preferência, ou licitação entre interessados.
O pagamento será feito com "liquidação de um sinal de 20% no ato da assinatura e do remanescente no prazo máximo de 30 dias".
Pedem que a proposta seja submetida à assembleia de credores e, sendo aprovada, se proceda à sua execução. Além disso, requerem que esta delibere que seja autorizado aos requerentes continuar "a produzir a revista Visão até à venda do título, sob fiscalização do administrador da insolvência, a quem caberá providenciar os meios necessários para esse fim, incluindo a afetação dos recursos provenientes das receitas obtidas pela revista, designadamente em vendas, assinaturas ou publicidade, uma vez que essa continuidade editorial será, em qualquer cenário, favorável a todos os credores".
Fundada em 2017, a Trust in News é detentora de 16 órgãos de comunicação social, em papel e plataformas digitais, como a Exame, Caras, Courrier Internacional, Jornal de Letras, Activa, Telenovelas, TV Mais, entre outros.