Governo moçambicano está a tentar repatriar jornalistas impedidos de entrar em Angola
O Governo moçambicano disse esta terça-feira ter "tomado nota" do incidente envolvendo dois jornalistas impedidos de entrar em Angola, apesar de possuírem vistos concedidos pela Embaixada angolana em Maputo, garantindo estar a trabalhar com as autoridades de Luanda.
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"Nós tomámos nota do que está a acontecer, sem dúvida, e neste momento, as nossas instituições estão a tratar o assunto com as autoridades angolanas", disse aos jornalistas o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Henrique Banze.
Na quinta-feira, os serviços angolanos de migração recusaram a entrada no país do chefe de redacção do semanário moçambicano Magazine Independente, Nelo Cossa, e da jornalista do matutino Notícias, Joana Macie, por alegadamente terem "problemas de Estado".
Em declarações à Lusa na segunda-feira, Nelo Cossa contou que as autoridades angolanas de migração "escorraçaram" os dois jornalistas tratando-os como "cães e criminosos".
Ambos jornalistas faziam parte de um grupo de cinco profissionais moçambicanos de comunicação social que participou em Luanda numa formação a convite do Centro de Formação de Jornalistas (CEFOJOR) de Angola.
Falando esta terça-feira aos jornalistas, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação disse que as autoridades moçambicanas "ainda não têm dados completos" sobre o sucedido, contudo, já contactaram a jornalista envolvida no processo.
"Mas é importante, prudente e correcto, do ponto de vista de relacionamento inter-estados, que a gente apure toda a verdade e depois nos pronunciemos sobre isso", afirmou Henrique Banze, assinalando ser "prematuro" fazer pronunciamentos sobre o posicionamento do governo face à atitude dos serviços alfandegários angolanos.
"Vai depender das conclusões que forem tiradas", disse o governante.
Em comunicados separados divulgadas esta terça-feira, várias organizações civis e jornalísticas da África Austral criticaram o "desagradável acto de prepotência e arrogância desnecessárias" das autoridades alfandegárias angolanas.