Todos os partidos da Oposição foram céleres a condenar a suspensão do "Jornal Nacional" de sexta-feira da TVI, coordenado por Manuela Moura Guedes. E todos foram unânimes a associar eventuais pressões do Governo português sobre a Administração do grupo espanhol Prisa.
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Daí que o PS, ontem, ao final da tarde, tenha manifestado "repúdio" pelas acusações de envolvimento dos socialistas. E tenha exigido uma explicação "cabal" da Administração daquela estação de televisão pela decisão de suspender o Jornal de sexta-feira, considerando-a "incompreensível" em período eleitoral.
"O PS nada tem a ver com a Administração da TVI, sendo absolutamente falsas as insinuações e acusações que se têm sucedido ao longo da tarde [de ontem] e que procuram relacionar a decisão da Administração de uma empresa privada de Comunicação Social com o PS", declarou, em conferência de Imprensa, Augusto Santos Silva.
O ministro dos Assuntos Parlamentares repudiou ainda a ideia de que o "Jornal Nacional" foi suspenso por ter uma peça preparada sobre o caso Freeport, com dados que alegadamente comprometeriam José Sócrates. E desafiou todos aqueles que julguem ter elementos sobre o Freeport a publicitarem já e "sem medo" essas mesmas informações. "O PS não tem absolutamente nenhum receio de qualquer informação ou rumor que possa ser divulgado."
Mas os socialistas não foram os únicos a convocar uma conferência de Imprensa para reagir ao caso da TVI. No Porto, o vice-presidente do PSD, José Pedro Aguiar-Branco, também chamou os jornalistas para ler um comunicado, sem direito a perguntas.
"A demissão em bloco da direcção da TVI consubstancia um dos maiores atentados à liberdade de Informação em Portugal de que há memória depois do 25 de Abril", começou por dizer. A responsabilidade recaiu sobre Sócrates. "Temos um primeiro-ministro e um Governo que convivem mal com as liberdades, e que não olham a meios enquanto não conseguem controlar ou silenciar quem os critica", acrescentou.
Confrontado com estas declarações, Santos Silva preferiu recordar "o afastamento" de Marcelo Rebelo de Sousa dos comentários políticos nesta mesma estação de televisão, em 2004. Aliás, o próprio Bloco de Esquerda fez essa mesma associação. "Faz lembrar um episódio que ocorreu durante o Governo PSD e CDS-PP na mesma estação de televisão que levou ao afastamento de Marcelo Rebelo de Sousa. As pressões foram imensas e resultaram exactamente no seu afastamento", afirmou a deputada Helena Pinto.
Também o PCP, em comunicado, relacionou a suspensão do " Jornal Nacional" com o "conhecido e notório incómodo" do Governo e primeiro-ministro "face aos conteúdos e critérios" do programa. Paulo Portas, líder do CDS-PP, foi mais longe. "Trata-se de um acto de censura a três semanas das eleições. É uma ordem socialista através do seu aliado, a Prisa".