Mais duas pessoas morreram devido à fome na Faixa de Gaza, elevando o número de mortes por esta causa para 144 desde que a ONU declarou uma situação de fome no território, segundo foi anunciado este domingo.
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De acordo com o comunicado diário do Ministério da Saúde de Gaza deste domingo, foram registadas duas novas mortes no sábado devido aos efeitos da fome, sendo as duas situações relativas a pessoas jovens.
Na sexta-feira, duas crianças, de 2 e 5 anos, também tinham morrido de fome, noticiou a agência Efe.
Assim, 144 pessoas, incluindo 30 crianças, morreram de fome na Faixa de Gaza desde 22 de agosto, data em que a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou oficialmente a fome na cidade de Gaza.
O Quadro Integrado de Classificação da Segurança Alimentar (IPC, sigla em inglês), um organismo da ONU com sede em Roma, confirmou que uma fome estava em curso em Gaza e que deveria estender-se a Deir el-Balah e Khan Yunis até ao final de setembro.
A declaração foi feita após meses de alertas sobre uma situação de fome no território palestiniano devastado por uma ofensiva de Israel desde outubro de 2023.
Já morreram 145 crianças à fome
Desde outubro de 2023, quando o Hamas atacou Israel e o exército israelita iniciou a sua ofensiva de retaliação em Gaza, o Ministério da Saúde de Gaza registou 422 mortes por fome, 145 das quais crianças.
O relatório do IPC, publicado em agosto, indica que um total de 1,6 milhões de habitantes de Gaza sofrem de fome, incluindo um terço (mais de meio milhão) em situação crítica, sofrendo de extrema privação alimentar, enquanto a restante população se encontra em situação de "crise alimentar".
Israel não permite a entrada em massa de ajuda humanitária através de camiões da ONU há mais de seis meses, alegando que o Hamas beneficia destes fornecimentos, e implementou, no final de maio, um sistema de distribuição de alimentos através de complexos militarizados, principalmente no sul do enclave, obrigando a população a deslocar-se até estes locais.
Quase diariamente, as tropas israelitas abrem fogo perto destes locais ou perto de camiões de ajuda humanitária que entram na Faixa de Gaza, para dispersar as milhares de pessoas que procuram alimentos.
De acordo com as autoridades de saúde de Gaza, cerca de 2.480 palestinianos foram mortos nas imediações ou perto dos postos de controlo militares por onde passam os poucos camiões que Israel permite.
A guerra em curso na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque liderado pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde fez 1200 mortos, na maioria civis, e 251 reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva em grande escala no enclave palestiniano, que provocou acima de 64 mil mortos, na maioria mulheres e crianças, segundo as autoridades locais controladas pelo grupo islamita, destruiu a quase totalidade das infraestruturas do território e provocou um desastre humanitário sem precedentes na região.