Das descargas decibélicas dos Toy à energia contagiante dos Everything Everything, o terceiro dia Festival Vodafone Paredes de Coura está a ter um denominador comum: a origem dos projetos.
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Justin Young, o vocalista dos Vaccines, faz lembrar Liam Gallagher pelo estilo gingão, mas as semelhanças ficam-se mesmo por aí. Sem excessivas concessões pop ou vedetismos estéreis, o quarteto londrino não demorou mais do que breves segundos após a entrada em palco para dizer ao que vinha: um rock acelerado e dotado de um sentido de urgência rítmica que cedo se propagou para a assistência. Como se esperava, o "hit" "If you wanna come back" foi, de longe, o mais saudado num espetáculo em que o disco "Come of age" esteve em destaque no alinhamento.
O feroz andamento inicial, porém, acabou por perder impacto ao longo da atuação, pelo que foram muitos os que optaram por espreitar o espetáculo de Little Boots no palco secundário, que decorreu em simultâneo.
A jovem oriunda de Blackpool deve ter-se sentido em casa, dado o elevado número de artistas britânicos que passaram ontem pelo festival.
Como os Toy. Estranhamente remetido para o palco mais pequeno, o quarteto provou que não é um simples delírio da imprensa local. Qual banda de brit pop sob o efeito de ácidos, os autores do aclamado "Motoring" criaram uma parede de distorção que fez sobressair o virtuosismo dos seus membros.
A abrir o palco principal, no fim da tarde. Os Everything Everything confirmaram as boas impressões já transmitidas na recente passagem pelo Porto, no Warm Up Paredes de Coura. Fortemente alicerçada na componente vocal - um pouco cansativa ao fim de largos minutos em palco, é certo -, a sonoridade dos Everything Everything não poderia ser mais fiel ao nome que ostentam, abraçando géneros distintos que, todavia, não atrapalham a sua identidade sonora.
Foi tal a preponderância da armada inglesa ontem que, mesmo os projetos de outras latitudes, demonstraram serem muito influenciados pela "Velha Albion". Num recinto ainda pouco composto, os australianos Jagwar Ma demonstraram ter assimilado as lições da corrente Madchester, acrescentando-lhe uma sonoridade eletrónica atual.
Embora o vocalista, Gabriel Winterfield, se tenha apresentado perante o público envergando uma t-shirt dos Metallica, o "groove" dançável dos seus temas, eficaz até numa pista, está claramente nos antípodas dos gostos de James Hetfield, mais adepto de "riffs" do que de batidas sincopadas.