Sem vencedores, mas com figuras cada vez mais definidas: Rio quer manter o rumo; Elisa Ferreira quer a cidade a reivindicar.
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A cinco dias das eleições, o Porto Canal debateu a cidade: estado de degradação do parque habitacional é questão central.
Manteve-se a ordem natural das coisas: quem governa presta contas; quem aspira arremessa ideias. No debate com os cinco candidatos à Câmara do Porto, ontem, no Porto Canal, Rui Rio recebeu flechas de todos os intervenientes e foi, por acumulação de tempos de resposta, o protagonista. É a primeira ideia central: Rio, sólido de discurso, aguenta o embate, mas não se supera. Essa parece ser a sua capa eleitoral: a continuidade.
Coisa confusa, imperfeita e cheia de ideias repisadas, com 120 minutos, o debate sobre o estado da Invicta não teve um claro vencedor - e dele só se poderá ter um juízo definitivo neste ponto: quem é João Pinto, candidato do PCTP/ /MRPP? É pergunta sem resposta: João Pinto, candidato do PCTP/MRPP, arrasta-se, titubeia, não concretiza uma única ideia.
Se Rio foi naturalmente protagonista, Elisa Ferreira soube assumir o que se espera da principal figura da Oposição: a candidata, que não se livra da fama de concorrer a 50% com o cargo de eurodeputada em Bruxelas, parece ganhar terreno de argumentação à medida que a campanha desenvolve. Bandeira central da sua actuação: "O Porto não precisa só de protagonismo; precisa de reivindicar de outra forma". Exemplo da perda de poder da cidade junto de Lisboa: "Não é natural que a Caixa Geral de Depósitos não tenha nenhum administrador no Porto".
O estado de degradação da cidade e a sua perda de orgulho ocuparam o discurso de Elisa, com lances concretos, como a ideia de uma via verde para simplificar recuperação de casas, nódoa do Porto central no debate. A candidata do PS, com certa surpresa, está também mais contida, menos crispada.
Teixeira Lopes (Bloco de Esquerda) e Rui Sá (CDU) sublinharam aquilo que são: uma possibilidade de retirar o mandato de maioria ao PSD/CDS. Mas Sá parece saber melhor a lição, tornando a puxar dos seus números de terreno: "No meu mandato fiz 120 visitas e lancei 100 propostas. É cinco vezes mais do que fizeram os cinco vereadores do PS". Faça--se as contas: Sá vale 100; cada vereador do PS vale 4.