Não é bem uma távola redonda, até porque esta tem duas cabeceiras, uma delas para o presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), João Barros Caldeira.
Corpo do artigo
Porém, é a volta da mesa de 12 lugares, numa sala - semelhante a um bunker - no sétimo piso do edifício daquele organismo, junto à Assembleia da República, em Lisboa, que se sentam os 10 elementos fiscalizadores do funcionamento do domingo eleitoral, seguindo à letra uma das regras do código de conduta dos cavaleiros do Rei Artur: "Rectidão nas acções".
Ora, para atingir tal propósito, num dia que começa cedo e acaba tarde, o grupo transforma-se num 'Big Brother'. Através da leitura dos jornais diários, visualização dos canais nacionais [quer generalistas quer por cabo] e audição de frequências de rádio [poucas escapam], seis membros da CNE, além do presidente e de três representantes dos ministérios dos Negócios Estrangeiros, da Administração Interna e dos Assuntos Parlamentares, fiscalizam o cumprimento do acto.
"Chegamos bem cedo e daqui ninguém sai. Até almoçamos aqui. Há que estar preparado para qualquer incidente. Imagine-se que somos confrontados com qualquer incidente, aí o plenário reúne imediatamente", descreve Barros Caldeira, o juiz conselheiro que desde Junho de 2006, lidera a CNE. "Não pode haver em dias como este dilatação de prazos para tomar decisões. As questões são resolvidas na hora", frisa.
Habitualmente, o grupo reúne-se a partir das 7 horas, dispondo dos contactos directos de todos os intervenientes no processo eleitoral [pronto, de quase todos]. "Se formos informados por alguém que se queixa que há propaganda a poucos metros de um local de voto no mesmo instante o presidente dessa Junta de Freguesia é contactado por nós. Ou imagine-se que, no meio de um noticiário, passa uma peça televisiva alusiva à campanha eleitoral, telefonamos logo à direcção de informação", salienta o magistrado.
Ali, funciona ainda uma equipa de juristas, disponíveis para esclarecer tanto votantes, como membros envolvidos no processo. Tudo via telefónica. "Há dúvidas até ao último minuto. Ou porque não se sabe como usar o Cartão do Cidadão, ou porque não estão a interpretar o regulamento...", exemplifica. "A DGAI [ Direcção-Geral da Administração Interna] vai fazendo chegar os resultados e, com sorte, podemos encerrar o plenário perto das 23 horas", garante.