Deco é tema encerrado, Nani também, e a equipa tem de ter mais dinâmica atacante. Tudo ideias de Carlos Queiroz. O seleccionador nacional disponibilizou-se ontem, em Magaliesburg, para conversar com os jornalistas.
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Falou às televisões, rádios, jornais desportivos, generalistas e agências de informação. Por grupos. As energias estão apontadas ao jogo com a Coreia do Norte.
Por que razão os médicos nunca falaram sobre o caso de Nani?
Gostava que retirassem a palavra caso. Existem pessoas competentes e eticamente dignas na selecção. Com o Nani, os médicos não precisavam de se expressar normalmente, mas não é verdade dizer-se que não falaram, porque subscreveram uma declaração sem margem para dúvidas. O jogador teve um traumatismo, fez exames e padece de uma lesão óssea impeditiva de competir. A Federação pediu a substituição e enviámos para a FIFA os exames. Não estamos a brincar às escondidas. Quando três instituições se pronunciam, não devia passar pela cabeça de ninguém que estivessem de mãos dadas a brincar com os portugueses. Mas continuamos a gostar das pessoas todas, mesmo daquelas que brincam com a nossa ética, dignidade e honra. É importante passar uma mensagem de serenidade, de competência e de empenho de todos numa causa – servir bem a selecção e proporcionar os melhores resultados. Temos uma missão a cumprir, que é ganhar o próximo jogo. Na Selecção ninguém entra em pânico.
Depois de Nani, surgiu o “problema com Deco”. Como se sentiu quando ouviu as declarações do jogador?
Não li, nem ouvi. Tive conhecimento das declarações quando alguns colegas me chamaram a atenção. Como o Deco repôs a verdade, ponto final. O jogador disse tudo isso, por que vamos duvidar sempre dele? As pessoas, com alguma facilidade, colocam em causa a honra de outros e isso não é bonito.
Ponderou mandá-lo para casa?
Não. Quando me apercebi, já estávamos a falar de uma coisa passada e tudo ia decorrer de uma forma normal. O que ele fez é um exemplo de humildade, que deve ser elogiado.
Portugal fez um remate enquadrado à baliza da Costa do Marfim, segundo a estatística da FIFA. O que tem de mudar já com a Coreia do Norte?
O que é preciso mudar é o potencial de ataque, as nossas transições e circulação da bola, que foi lenta. Tenho a convicção que se jogássemos em outro contexto, se não fosse o primeiro jogo, se tivessem de arriscar, se tivessem sofrido o golo do Ronaldo logo no início, tudo seria diferente.
Vai mudar jogadores no jogo com a Coreia do Norte?
Não sei, ainda não tomei essa decisão. Está tudo em aberto.
E o Pepe, vai jogar?
A equipa ainda não está feita, mas o Pepe está muito bem.
Depois da adaptação de Duda, Fábio Coentrão ganhou o lugar na esquerda da defesa?
Não quero ser vaidoso, mas a humildade em excesso também soa a falso. De facto, há dois anos, antes de eu começar os trabalhos na selecção, havia esse debate nacional. Hoje em dia temos solidez defensiva e duas grandes soluções, o Duda e o Coentrão. Temos ainda o Paulo Ferreira ou Miguel, jogadores que podem jogar na posição. Defensivamente, estamos melhor, como provam os três golos sofridos em 21 jogos. É obra!
Com a Costa do Marfim, os laterais tinham ordem para não passarem da linha do meio-campo?
Isso é um absurdo. Os laterais tinham ordens para serem conscientes e tacticamente inteligentes, para perceberem os momentos em que podiam atacar.
Como explica o facto de Cristiano Ronaldo não marcar pela selecção há 16 meses e ter grandes desempenhos ao nível de clubes?
O Ronaldo já é o segundo melhor marcador de sempre da selecção e dentro de pouco tempo será o melhor. Mais uma vez, a selecção não pode ser o Ronaldo. É de Portugal. Mas está a dar à equipa tudo que tem. No final, independentemente de marcar ou não, quero é que Portugal saia vencedor.
Jorge Jesus sugeriu que a selecção não sabe atacar e disse que Deco anda a gasóleo...
Não posso comentar, porque não conheço essas declarações. Sobre adeptos, só falo do que testemunhámos – 100 mil despediram-se de nós no Parque Eduardo VII, milhares à chegada, tivemos mais num particular do que alguns jogos do Mundial e, no primeiro treino, se tivéssemos mais 20 mil lugares, entravam. Jogámos com Costa do Marfim e depois fui dar autógrafos aos portugueses. Todos elogiaram o esforço da equipa... Quanto aos críticos, ouvimos e respeitamos.
E o futuro. Se Portugal não se qualificar para a próxima fase, deixará a Selecção?
Em inglês, a resposta para isso é rubbish [disparate]... É melhor não dizer em português...