Cristiano Ronaldo chega ao final de uma época, pela primeira vez desde que joga no estrangeiro, sem quaisquer prémios individuais ou colectivos. Uma temporada para esquecer... ou não, pois o Campeonato do Mundo está à porta.
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O extremo madeirense não está habituado a olhar para uma montra de títulos... vazia. Conhecendo-se como é - é capaz de ficar amuado com os amigos e familiares por perder uma simples partida caseira de pingue-pongue ou de ténis -, a temporada tem sido para esquecer no que diz respeito a troféus. O Real Madrid foi eliminado da Liga dos Campeões e da Taça do Rei, e ficou-se pelo segundo posto, atrás do Barcelona, no campeonato espanhol.
Recuemos ao passado recente. Em 2003/04, época em que chegou ao Manchester United, após uma grande exibição na inauguração do Estádio José de Alvalade com a camisola do Sporting, ergueu logo a Taça de Inglaterra. Na época seguinte, nada conquistaria no plano colectivo, mas foi agraciado pela FIFA como o jovem jogador mais talentoso do ano. Depois, seguiram-se temporadas repletas de êxitos, onde se incluíram três ligas inglesas, uma Liga dos Campeões, duas Taças da Liga, uma Community Shield e... um Campeonato do Mundo de clubes. Conquistas atrás de conquistas, que acabaram por o habituar mal.
Lazlo Boloni, o treinador que o lançou no Sporting, diz ao JN que estará ainda mais motivado para actuar na África do Sul. "No seu currículo, falta-lhe arrecadar um título na selecção. Se o conseguir, suplanta, por exemplo, Figo e Eusébio, que ficaram perto, mas nunca ganharam. Para mim, continua a ser o melhor do Mundo". O responsável, cujo último clube em que trabalhou foi o Standard de Liége, lembra-se perfeitamente de ver um rapaz magrinho a fazer os primeiros treinos no plantel leonino. "Já nessa altura era muito competitivo, dava tudo em campo, apesar dos exageros próprios dessa idade", disse.
Por seu lado, Augusto Inácio, que o viu trabalhar em Alvalade nas camadas jovens - Ronaldo tinha apenas 15 anos -, também o vê como alguém que está sempre em forma. "O facto de nada ter ganho significa pouco, pois ele voltou a fazer uma época extraordinária. Levou o Real Madrid aos resultados possíveis nesta temporada, foi o principal obreiro". Na selecção, terá de ultrapassar o ónus das suas exibições estarem alegadamente aquém do que produz nos clubes. "As suas capacidades podem ser potenciadas caso o conjunto de Carlos Queiroz seja sólido. Portugal não pode estar unicamente sobre as suas costas", defende o ex-técnico da Naval. CR9 tem uma palavra a dizer a partir de amanhã, quando chegar à Covilhã.