O debate que juntou, ontem, na RTP-N, quatro dos cinco candidatos à Câmara de Braga, teve pouco sal e muita pimenta. A ausência do actual edil e candidato do PS tornou o debate algo insonso, mas a troca de ideias foi deveras apimentada.
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Mesquita Machado preferiu ficar em Braga, num jantar com jovens apoiantes - mesmo tendo sido convidado uma semana antes -, e não participou num debate onde a renovação urbana e a videovigilância assumiram o protagonismo da noite. Unânime foi a posição dos quatro partidos na necessidade de trazer vida para o centro histórico.
Um dos factores de ressalva prende-se com a postura dos candidatos. O líder da coligação "Juntos Por Braga" (PSD/PP/PPM), Ricardo Rio, assumiu a defesa de algumas propostas que vem anunciando, como o envolvimento dos privados na recuperação do centro histórico ou a criação de um centro cultural no antigo quartel da GNR. Miguel Brito do Movimento Partido da Terra (MPT), preferiu bicar os adversários no plano das ideias, vetando algumas propostas, como, por exemplo, a expropriação de prédios devolutos preconizada pelo Bloco de Esquerda.
António Rodrigues Dias, da CDU, assumiu o discurso do "sim, mas": "Parcerias público-privadas sim, mas com transparência e rigor; videovigilância sim, mas com regras, legal, e sabendo quem controla". Na atitude do contra esteve João Delgado, do Bloco do Esquerda (BE): expropriação de prédios devolutos e um Polis para o centro urbano, e um rotundo "não" à videovigilância foram as ideias mais salientes.
Curiosamente, a ausência de Mesquita Machado levou o azimute para a troca de galhardetes, designadamente entre Miguel Brito, Ricardo Rio e João Delgado. Brito acusou o BE de quer "atacar o choque energético com chá de cidreira comprado em lojas de conveniência"; Delgado apontou o PSD como "farinha do mesmo saco de Mesquita"; Rio disse que Delgado iria ser "o Zé de Braga", numa referência ao vereador bloquista de Lisboa e, finalmente, Brito acusou Rio de ser "um vampiro faz de conta". Pelo meio, Rodrigues Dias lembrou a Brito que "como a mulher de César, não basta ser sério, é preciso parecê-lo".
Outras ideias saídas do debate dão conta da vontade dos dois partidos de esquerda quererem roubar a maioria ao PS, mas nenhum têm intenção de assumir qualquer pelouro na futura vereação municipal. Ricardo Rio avançou com a necessidade de haver "laboratórios vivos que discutam a política urbana da cidade". Brito lançou a ideia de um lar de idosos em pleno centro histórico.