O desemprego monopolizou o debate entre os sete candidatos autárquicos à Câmara de Matosinhos, realizado quinta-feira à noite no Porto Canal.
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De acordo com a Pordata, base de dados que nenhum candidato citou, o número de desempregados no concelho (15/64 anos) inscritos no centro de emprego aumentou, nos últimos dez anos, de 4,8% para 9,8%, ou seja, quase dobrou. Os dados, objetivos, revelaram-se passíveis de leituras muito diversas.
Para Guilherme Pinto, ex-socialista, agora independente, "Matosinhos é o concelho que melhor resistiu à crise nacional". O autarca afirmou que "reduziu mil desempregados no último ano" e que espera "reduzir mais dois mil nos próximos seis meses", por via de um investimento de 1700 milhões de euros.
A visão otimista não convenceu António Parada, candidato eleito pelo_PS para disputar as eleições. "A cada dia que passa, há aqui mais 13 desempregados", rebateu. Negou também o investimento apresentado por Guilherme Pinto, porque "é privado e não público".
O candidato social democrata, Pedro Vinha da Costa, admitiu que o problema do desemprego "é nacional", mas apontou como causa para o problema local a desindustrialização levada a cabo por 37 anos de gestão socialista. "São Mamede Infesta", acusou, "parece o Kosovo". Não perdeu também a oportunidade para repetir que Pinto e Parada são "farinha do mesmo saco", filhos de um PS "que trata Matosinhos como um quintal".
José Pedro Rodrigues, candidato da CDU, destacou o desemprego jovem, que aumentou 62% entre 2010 e 2102. "É a prova de que a Câmara prescindiu de uma estratégia para o desenvolvimento", criticou. O comunista criticou a Esquerda, mas não poupou a Direita, acusando o PSD de não cumprir os mandatos até ao fim.
O PSD esteve também na mira de Fernando Queirós, do BE. "O desemprego tem um nome: é PPD/PSD".
Manuel Maio, do CDS, recolocou as atenções em Guilherme Pinto, que acusou de não ter criado os 16 mil postos de trabalho que prometeu.
Já Orlando Cruz, do PTP, optou pela ironia."Trago um lenço para limpar as lágrimas do PS, PSD e CDS, que dizem estar preocupados com o desemprego, quando são os seus carrascos."
O debate ficou ainda marcado por um episódio insólito: o candidato do PTP, Orlando Cruz, na sua intervenção inicial, pediu um minuto de silêncio em homenagem aos sete bombeiros mortos no combate aos incêndios este ano. Candidatos e assistência cumpriram religiosamente.