<p>Se José Sócrates e Ferreira Leite fossem corredores de Fórmula 1, o debate de hoje, sexta-feira, à noite, na SIC, seria volta de qualificação para a grelha de partida para o arranque da campanha eleitoral, oficialmente marcado para amanhã. </p>
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Sem agenda. Nenhum dos dois candidatos tem acções de pré-campanha. Todo o tempo é pouco para se concentrarem no confronto decisivo, numa altura em que os estudos de opinião sinalizam um empate técnico entre o PS e o PSD.
A média das audiências dos debates que até ontem se realizaram situa-se em pouco mais de um milhão de telespectadores. Só hoje saberemos se o embate Sócrates/Ferreira Leite supera o de Sócrates/Santana Lopes, que em 2005, foi visto por mais de 3,8 milhões de pessoas.
Limar os argumentos para os pontos fracos e estudar as propostas, antevendo os trunfos do adversário são a agenda das reuniões desta tarde dos estrategas de ambos os lados. Silva Pereira, Vieira da Silva e Santos Silva, juntam-se os os conselheiros de imagem e de comunicação, para orientar o socialista. Pacheco Pereira, Paulo Mota Pinto, Aguiar-Branco e Marques Guedes são as vozes que a presidente do PSD ouvirá.
Sem revelarem as cartas que levam na manga para a mesa do frente-a-frente, Sócrates e Ferreira Leite, contiveram-se, ontem, nas declarações aos jornalistas. A líder social-democrata apenas garantiu que não usará truques e não levará novidades. "Em circunstância alguma usaria truques". Do lado socialista, sabe-se que o modelo usado no debate com Louçã é para seguir. Ou seja, o de surpreender o adversário.
Ambos sabem que têm de estar preparados para tudo até porque poucas vezes se confrontaram, olhos nos olhos. Não há traquejo do debate parlamentar, como aconteceu com os outros candidatos, porque Ferreira Leite não é deputada.
Quem se prepara, sem truques mas tendo que prever todas as surpresas, é terceira pessoa que estará na mesa, Clara de Sousa. Ao JN, a jornalista confessou ontem, que preparou o debate "como se fosse uma entrevista". "Preciso estar prevenida, nunca se sabe se terei de intervir mais num ou noutro tema. Faço isso para todos os debates, embora saiba que este tem uma enorme carga de tensão para os candidatos. É um debate decisivo para eles, para mim é mais um. Importante, claro". Os temas que escolheu foram previamente enviados para os candidatos. "Mas não houve negociações. Eles sabem os temas genéricos, mas não fazem ideia das perguntas que farei ", garantiu.
Na série de confrontos que hoje termina, Clara de Sousa elege como mais interessante o que envolveu Sócrates e Louçã, na RTP. "Houve tensão do princípio ao fim, sem gritaria".
Dos que moderou, prefere o que opôs Paulo Portas e Jerónimo. "O outro que moderei, entre Jerónimo e o Louçã, foi mais morno, houve um pacto de não agressão, ainda tentei puxar por eles, mas não resultou".
Para hoje, confessa que tudo depende da atitude que os candidatos. "Ou vão ser incisivos e o debate será vivo, interessante e esclarecedor, ou vão ambos com uma atitude de Estado, à defesa e o debate perderá em vivacidade".