<p>Baptista Bastos, 76 anos, escritor.</p>
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Portugal conseguiu ser qualificado sem sofrer golos. O Grupo G afinal não era o grupo da morte ou a selecção é melhor do que se dizia?
O Grupo G não era tão bom quanto se presumia. E a selecção vale o que vale. Queiroz usou técnicas diferentes e um pouco surpreendentes nos dois últimos jogos.
Mesmo que Portugal seja eliminado, na próxima terça-feira, com Espanha, a prestação da selecção honra o país?
Penso que sim. De qualquer forma, estou convencido de que Portugal vai ganhar à Espanha por 1-0.
Queiroz disse que Portugal "entrou de fato-macaco e saiu de smoking". É dessa forma vestido que Portugal pode também sair da crise?
Não. Isso é uma metáfora perfeitamente patética.
Mas acha que o Mundial deu mesmo jeito ao Governo?
Ui, claro que deu um jeitão!
Há mais imparcialidade no futebol ou na política?
Ninguém é imparcial. Isso é uma grande rábula que tentaram impor às pessoas, sobretudo às que não pensam.
No futebol, o resultado é a única coisa que interessa. Em relação ao défice, é o resultado ou o caminho para lá chegar?
Há uma diferença substancial: na política o que interessa é ganhar; no futebol, eu gosto de bailado, gosto do jogo que transforma o futebol num espectáculo.
Acredita naquela ideia de que a autoestima de uma nação pode ser catapultada pelo futebol?
Apesar de tudo, sim. O futebol sempre encheu de ar o peito de muitos portugueses. O português tem uma característica que é a ciclotimia, tem humores variáveis.
A lotação para o Portugal-Brasil estava esgotada há quatro meses e os bilhetes atingiram os 1200 euros no mercado negro. Onde está a crise global quando o assunto é futebol?
Quando estive no Brasil, há anos, o país estava numa situação económica lamentável, mas nunca deixou de encher o Maracanã. O povo estava a ser trucidado pela polícia política! Não há explicação.
França e Itália foram eliminadas. O futebol e a polícia da Europa - no caso, Sarkozy e Berlusconi - já não são o que eram?
É isso mesmo. A Europa já não é o que era. Não há grandes políticos, mas Berlusconi é uma vergonha, é um malandro. O comportamento dele é pior do que o fascismo.