<p>O desemprego tornou-se assunto central da campanha autárquica em Santa Maria da Feira. As preocupações com o ambiente e a não conclusão da prometida rede de saneamento continuam ainda a alimentar o discurso político.</p>
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Com os números do desemprego a crescerem de forma galopante devido ao encerramento das empresas ligadas ao sector do calçado e da cortiça, que representavam centenas de postos de trabalho directo e indirecto, as cinco diferentes forças políticas que entraram na corrida autárquica são unânimes em considerar que este é um dos principais problemas do concelho e elegem o assunto como tema central das propostas e críticas ao actual Executivo.
Os dados mais recentes, referentes ao mês de Agosto, dão conta que os feirenses inscritos nos centros de emprego representam 23% do número total de desempregados no Distrito de Aveiro, mais de 8500. Números que poderão registar um aumento nos próximos meses perante a iminência do fecho de algumas das empresas de referência, num concelho com quase 150 mil habitantes.
Para Alfredo Henriques, que há duas décadas preside à autarquia e se recandidata a novo mandato pelo PSD, "quem tem que dar resposta e apresentar uma política de emprego é o Governo".
"Em Santa Maria da Feira ainda damos emprego a muitas pessoas de outros concelhos e estamos a facilitar a instalação, licenciamento e ampliação de empresas através da alteração do Plano Director Municipal", garante. A construção do Parque Industrial da Cortiça (PEC) e do Parque Empresarial de Recuperação de Materiais (PERM), investimentos de 30 milhões de euros, são outros dos "trunfos" apresentados pelo candidato.
O PS, que concorre com o empresário Alcides Branco, acusa Alfredo Henriques de estar "de costas voltadas para o emprego. As diferentes faltas de planeamento industrial prejudicam gravemente os empresários e, consequentemente, os eventuais postos de trabalho".
Alcides Branco considera que o actual presidente demonstra "total desconhecimento" sobre as necessidades do concelho. "Em 2001, aquando da campanha, Alfredo Henriques disse que o concelho não precisava de mais zonas industriais", recorda.
"Temos mais de dez por cento da população feirense desempregada" refere, por seu lado, o candidato da CDU. Antero Resende recorda que, para além dos despedimentos nos sectores tradicionais, também a construção civil contribuiu fortemente para a taxa de desemprego. O candidato afirma que o investimento no PEC e do PERM "não vão criar mais emprego", porque, explica, "vão apenas concentrar num mesmo espaço a industria que se encontrava dispersa". "Não atirem areia para os olhos" diz Antero Resende concluído ser importante apostar na recuperação e restauro de imóveis já existentes.
Também o candidato do Bloco de Esquerda, Joaquim Dias, não vê na construção do PEC e do PERM a resolução para o desemprego. "Já deviam ter sido construídos há 30 anos. Os empresários lutam agora para conseguirem manter as empresas a trabalhar e não têm dinheiro para a deslocalização. As propostas da autarquia estão desfasadas no tempo".
Já o CDS-PP, pela voz do candidato Alferes Pereira, acusa a Câmara Municipal de Santa Maria da Feira de ser responsável pela "falência de muitas microempresas do concelho" por não ter cumprido com os pagamentos. "A Câmara Municipal deve funcionar como uma alavanca para o investimento industrial e deve antecipar os problemas e crises. Coisa que não tem conseguido", disse.