Pedro Passos Coelho classificou de "lamentável" o episódio de o Governo omitir à Oposição as alterações que fez ao texto do memorando de entendimento com a "troika", mas mantém que o acordo é para cumprir.
Corpo do artigo
"As declarações que ouvimos do senhor primeiro-ministro são extremamente insatisfatórias, mas eu não vou insistir nesse ponto porque o país inteiro já percebeu que os partidos políticos não tiveram conhecimento da última versão que foi, afinal, assinada", disse, aos jornalistas, à chegada a um almoço em Amares, garantindo que o PSD está neste momento a estudá-las e que já detectou várias alterações.
"É verdade que já detectámos que muitas das alterações respeitam a calendários que estavam previstos mas há também alterações de substância", disse, dando como exemplo as licenças de rádio que vão ser atribuídas para telecomunicações, que agora vão poder ser abertas aos actuais operadores, o que lhe levanta preocupações por causa da concentração do mercado.
Em relação à baixa da Taxa Social Única (TSU), Passos Coelho explicou que o prazo inicialmente previsto apontava para o Orçamento de Estado para 2012. "Agora, afinal, vem-se dizer que todo o estudo preparatório para a baixa da TSU tem de estar preparado até Julho. Ora, se é assim e se o Governo sabia disso, quer dizer que o Governo tem ocultado alguma informação porque já deve ter dado indicações para que esse estudo avance. É pena que não haja tempo para discutir sobre isso", disse.
Passos Coelho não quer, contudo, polemizar este assunto e insistiu que o importante é cumprir o acordo. "O mais importante nesta fase é podermos dizer às pessoas, e aos nossos parceiros europeus, que nós não vamos estar a criar problemas quanto ao cumprimento desse acordo. Nós precisámos do dinheiro que pedimos emprestado, vamos ter de cumprir o que acordámos com eles. Isso é o essencial", disse.
"O que eu quero dizer agora, depois deste episódio lamentável em que o Governo não foi capaz de nos dizer directamente que os documentos que nos mandaram não eram os definitivos, é que o país esteja sereno e tranquilo que o PSD vai cumprir o acordo", disse, insistindo que os portugueses já perceberam que a explicação do Governo é "atabalhoada" e que, ao contrário do que diz o primeiro-ministro, foi ontem "surpreendido" com a notícia pela comunicação social.