Ferreira Leite e Portas em desacordo sobre impostos e rendimento social de inserção
A presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, e o presidente do CDS-PP, Paulo Portas, antigos colegas de Governo, enfrentaram-se hoje num debate na RTP em que manifestaram discordâncias sobre os impostos e o rendimento social de inserção.
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A presidente do PSD opôs-se à proposta do CDS-PP de cortar um quarto das despesas com o rendimento social de inserção, transferindo-se essa verba para as pensões, e contestou que se chame a essa prestação social "financiamento à preguiça".
"Há muitas pessoas que recebem esse rendimento por uma enorme necessidade e não podem nem devem ficar estigmatizadas por esse motivo. Eu penso que todas as generalizações são perigosas. Atribuir preguiça a quem recebe o rendimento social de inserção, genericamente, é algo que eu repudio genuinamente", afirmou Ferreira Leite.
Portas insistiu que o Estado não deve financiar "quem não quer trabalhar" e deve, isso sim, aumentar as pensões de quem "trabalhou toda a vida". O apoio aos desempregados "não tem nada a ver com o rendimento mínimo", sublinhou.
Quanto à política fiscal, os candidatos do PSD e do CDS-PP às eleições legislativas de 27 de Setembro criticaram o actual Governo do PS, acusando-o de ter aumentado "todos os impostos que havia para aumentar".
Nesta matéria, Portas procurou também demarcar-se de Ferreira Leite, alegando que, ao não propor uma baixa de impostos, a ex-ministra das Finanças vai basicamente manter na mesma a carga fiscal dos portugueses.
A presidente do PSD contrapôs que tem como objectivo uma futura redução de impostos, mas que não faz essa promessa porque faz questão de "falar verdade" aos eleitores e "os impostos não se baixam quando se quer, baixam-se quando se pode".
"É importante falar verdade, como falar claro", observou em seguida Portas, recordando que o CDS-PP assume como proposta um "desconto familiar por filho" no IRS, perda de receita que defendeu poder ser compensada com o fim da maioria das auto-estradas sem custos para o utilizador (SCUT).
Outro ponto de divergência foi o número de políticas, tendo o presidente do CDS-PP defendido que são necessários mais agentes, enquanto a presidente do PSD manifestou dúvidas sobre essa necessidade.