Dois jornalistas portugueses e um espanhol foram, ontem de madrugada, assaltados, no Nutbush Lodge, em Magaliesburg, onde estão a acompanhar a selecção. Os assaltantes apontaram uma arma ao repórter fotográfico António Simões.
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O complexo onde se encontram hospedados duas dezenas de jornalistas, a grande maioria portugueses, foi invadido quando passavam poucos minutos das três horas da manhã em Portugal.
A Federação Portuguesa de Futebol, em comunicado, solidarizou-se com os profissionais em causa. A FIFA desvalorizou aquilo a que chama um "alegado" incidente. Pois bem, este jornalista do JN que vos escreve e está hospedado no mesmo hotel, pode confirmar que os acontecimentos foram demasiado graves. Impossível passar uma esponja sobre o tema.
Enquanto os profissionais do Expresso, Rui Gustavo, e do desportivo espanhol Marca, Miguel Serrano, não acordaram, António Simões, repórter fotográfico da Global Imagens, apercebeu-se da presença dos assaltantes. Viveu momentos de terror.
"Estava a dormir. Acordei e deparei-me com dois indivíduos. Um deles apontou-me a arma à cabeça", contou. Os ladrões levaram o que quiseram e o repórter só saiu do quarto quando surgiu a luz do dia. Mais de uma hora depois. "Roubaram-me tudo".
Telemóveis, computadores, dinheiro, roupas e documentos. No que concerne aos objectos furtados, o registo é comum aos três. À tarde, o jornalista espanhol abandonou Magaliesburg, rumo a Pretória.
A Polícia sul-africana passou boa parte do dia no local, com cães pisteiros. Os inspectores interrogaram os funcionários do hotel, depois de pesquisarem por impressões digitais. Um dos presumíveis assaltantes foi detido ainda de manhã, porque a Polícia conseguiu localizá-lo através do sinal de um dos telemóveis furtados. Mais tarde, verificou-se, pelo menos, mais uma detenção e terá sido recuperada uma boa parte do material roubado.
O JN falou com o proprietário do "lodge", Nick Tracy, que disse ser a primeira vez que o local foi "assaltado". Atendendo à morfologia da infra-estrutura, parece pouco verosímil. O empresário confirmou, no entanto, que a Polícia prometeu estar em permanência no Nutbush, o que nunca aconteceu. Só ontem, após uma madrugada de sobressalto, o espaço passou a contar com três efectivos. Até então, o dispositivo era rudimentar. Mas nota-se o reforço no policiamento, tanto junto da selecção lusa, como nos sítios onde estão os jornalistas e na própria vila de Magaliesburg.
O intendente Pedro Teles, da PSP, que lidera uma equipa portuguesa para articular a vigilância dos adeptos com a congénere da África do Sul, esteve no local, bem como um representante da embaixada portuguesa. Os jornalistas receberam apoio psicológico. Os acontecimentos dominaram os noticiários e tiveram eco em todo o Mundo. Mesmo assim, a FIFA continua a assobiar para o lado...