Paredes de Coura começou com alguma chuva mas que não impediu muita festa da grossa.Veja as fotos do primeiro dia de Paredes de Coura <a href="http://jn.sapo.pt/blogs/festivaisdeverao/default.aspx">AQUI</a>
Corpo do artigo
A já tradicional chuva marcou a abertura do festival de Paredes de Coura. O dia era para ser de recepção, com poucos concertos e só no palco secundário, mas havia muita fome de música e, por isso, a festa foi grande.
Paredes de Coura sem chuva não é Paredes de Coura. Era como se, de um ano para o outro, o monte passasse a ser plano, o rock desaparecesse e o cabeça de cartaz fosse o Tony Carreira. Não podia ser. E, se transpusermos para um festival o célebre provérbio matrimonial de que casamento molhado é casamento abençoado, então, podemos dizer, desde já, que o Paredes de Coura 2009 foi abençoado à nascença. A chuva caiu e molhou, mas não deixou grande mossa.
As portas abriram pouco depois das 20 horas e, com o palco principal fechado, as pessoas foram-se concentrando na zona de alimentação e, um pouco mais abaixo, na praça do palco secundário, o local programado para os espectáculos de ontem. Os adolescentes predominavam, mas muitos vintões, trintões, quarentões e ainda mais velhos também marcaram a presença. Os espanhóis voltaram mais uma vez ao Alto Minho em força.
Já estavam alguns milhares dentro do recinto quando os portugueses Sean Riley and The Slowriders, com o seu folk rock de claras influências de Bob Dylan, abriram as hostilidades do festival. Um som americano clássico de raízes country & blues que assenta bem ao cenário bucólico de Paredes de Coura e que conseguiu provocar uma boa resposta da audiência. Sem dúvida um bom início para esta edição do Paredes de Coura.
Os americanos The Strange Boys seguiam a mesma linha de folk rock. Todavia, apesar de já irem na quinta música, a voz esganiçada de Ryan Sambol ainda andava à procura do timbre certo e o som do palco ainda tinha muitas deficiências.
Às 23.20 horas, já sem chuva, as pessoas continuavam a entrar e o espaço limitado começava a ser pequeno. A meio do setlist dos Strange Boys, finalmente, a voz ficou audível e o som melhorou bastante, sendo ainda possível apreciar alguma música.
Faltava Patrick Wolf, sem dúvida o concerto mais aguardado da noite. Enquanto ainda se fazia o som no palco, já as pessoas se acotovelavam para chegar o mais à frente possível.
Numa bruma de nevoeiro eis que surgiu a personagem Wolf. Entrando com uma forte batida electrónica, deixou o mote para a sua actuação. Apostando muito na pose, Patrick Wolf entrou em cena como um Ziggy Stardus de violino e ukelele, revisitando a fase mais célebre de David Bowie.As máquinas fotográficas ocuparam os céus e muitos subiram às mesas da praça para ter uma melhor vista.
Algumas músicas depois, a sua escola clássica veio ao de cima e, empunhando um violino, entrou numa deriva de atmosfera borroquiana, sempre com a electrónica a acompanhar. Quando pegou no ukelele para The Libertine, surgiu a primeira grande ovação da noite.
Não faltou muito até voltar novamente à electrónica pura e dura e às batidas mais mexidas, altura em que mudou de indumentária para um vestuário de calções e caviada que se assemelhava a um ginasta da década de 70.
O público estava lá para isso e a moldura humana aos saltos em frente ao palco secundário era de fazer inveja a muitos supostos concertos grandes.
Patrick Wolf terminou a sua actuação com The Magic Position e o público em êxtase. Mesmo no palco secundário, a fasquia já ficou bem alta para os próximos dias.
Era o primeiro dia do Paredes de Coura 2009 e, este ano, muitas centenas optaram por vir logo no início da semana. Fosse para ocupar um melhor lugar ou para entrar mais cedo no espírito, ontem, o parque de campismo já estava quase cheio. E isso foi fundamental para a boa entrada do festival, com o público a reagir bem logo aos primeiros sons orgânicos que saíram das colunas.
Era o fim da espera e o tiro de partida para quatro dias de música e diversão. Aqueles primeiro sons fizeram esquecer as muitas subidas e descidas do monte, a chuva, os insectos e tudo o mais que poderia afectar a boa disposição. Hoje, a festa continua com palco principal, bandas conhecidas e mais alguns milhares de pessoas a compor o cenário da praia do Tabuão.