O secretário-geral do PCP considerou, em Faro, que a introdução de portagens nas autoestradas sem custos para o utilizador (SCUT) no Algarve é injusta porque não se investiu em alternativas como estradas nacionais e linhas ferroviárias.
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Falando perante centenas de apoiantes num jantar/comício ao ar livre em Faro, Jerónimo de Sousa afirmou que em relação ao Algarve, onde o governo pretende aplicar portagens na A22 (Via do Infante), a medida "é tanto mais injusta quanto se sabe que os últimos governos deixaram de investir nas estradas nacionais, cada vez mais degradadas".
Da mesma forma, deixou de se investir na ferrovia no Algarve, salientou, acrescentando que a estrada nacional 125 "não é alternativa" e não se criaram alternativas que dêem garantias de segurança e eficiência.
O candidato da CDU, que condenou os protestos contra as portagens durante o comício do PS naquela cidade na noite de quinta-feira, referiu que introduzir portagens nas SCUT é ainda "duplamente injusto"porque o governo "meteu no bolso das concessionárias, nas constantes renegociações dos contratos, mais de dez milhões de euros".
"Querem ver-se livres" de velhos e reformados"
Depois do apelo aos jovens para que não sejam "masoquistas", Jerónimo de Sousa virou-se, desta vez, para os idosos, avisando-os de que PS, PSD e CDS querem "ver-se livres deles".
Durante a tarde, em visita à Associação de Reformados, Pensionistas e Idosos de Vila Real de Santo António, o líder comunista dramatizou o discurso no que toca às consequências da "política comum" proposta pela Direita e pelo PS na vida dos mais velhos. "Eles consideram que vocês são uma força arrumada, entendem que são um obstáculo" e gostariam "de se ver livres de vocês", advertiu o líder do PCP. Perante isto, lançou um desafio: "Mostrem-lhes, a 5 de Junho", que "não são velhos como trapos" e "que merecem uma velhice digna até ao fim dos vossos dias". Além disso, recordou-lhes que também aos seus netos "não se coloca um futuro melhor".
Debatendo-se contra o calor que se fazia sentir, pediu-lhes, depois, para "castigar" aqueles partidos por terem acordado o pacote da "troika". Referindo especialmente o congelamento das pensões até 2013, argumentou que olham para os idosos "apenas com o sentido de voto".
Tal como aconteceu nas vésperas, em Viseu ou Aveiro, o secretário-geral comunista apelou ao voto para que a CDU consiga eleger por Faro. "O nosso camarada Paulo Sá está à beira de ser eleito, precisamos de mais um bocadinho", assegurou, explicando, já no exterior, que a coligação que encabeça "ainda está a construir resultado e a crescer". Face às eleições de há dois anos, avançou uma diferença, contando que tem ouvido "declarações genuínas" de portugueses admitindo que, "pela primeira vez, vão votar na CDU". "Não estou a dizer que há uma onda, mas um crescendo", ressalvou, contrapondo uma campanha com "zangas e arrufos". "Parece que há aqui uma guerra pessoal, quando estamos a tratar da eleição de 230 deputados", recordou.
De manhã, no mercado de Olhão, foi recebido com simpatia e palavras de incentivo. "É fixe, é da Esquerda, que faça algo por nós", comentou Maria do Carmo Soares, de 60 anos. Do peixe, Jerónimo passou para a fruta e os legumes, mantendo um discurso em defesa da produção nacional.