O líder da CDU já tinha abandonado a sede da Caixa Geral de Depósitos, em Lisboa, já tinha criticado a administração do banco por ter cancelado o almoço, no refeitório, entre ele e os trabalhadores, parecia que a manhã tinha terminado mesmo ao meio-dia. Mas não.
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Uma mulher lavada em lágrimas dirigiu-se a Jerónimo de Sousa para lhe pedir ajuda, para que o secretário-geral possa resolver o caso do marido, cantoneiro reformado, neste momento com problemas neurológicos por um alegado acidente de trabalho ao serviço dos SMAS da Câmara de Loures. A entidade empregadora nunca assumiu responsabilidades.
Maria Teresa Gomes, voz desesperada e nervosa, expressão inconsolável, denunciou que o marido está acamado há dois anos, na sequência de um traumatismo craniano, eventualmente, provocado por um ferro do camião do lixo que recolhia um contentor. Vive com muitas dificuldades e até mostrou ao secretário-geral da CDU relatórios médicos sobre a incapacidade de Francisco Gomes, de 58 anos. "Ele está a morrer aos poucos e já se tentou matar. Ajude-me, se não eu faço uma asneira".
Do outro lado, Jerónimo de Sousa dizia-lhe para não perder a esperança, enquanto um dos acompanhantes do partido ficou com todos os dados sobre o caso, prometendo-lhe tentar resolver o problema. A mulher, com dois sacos de documentos na mão, mantinha-se em tom sofrido e explicava que interpôs uma acção no Tribunal de Loures para que a reforma do marido seja melhorada, devido ao alegado acidente de trabalho que nunca foi comunicado ao seguro.
"Na altura, os dois chefes directos dele que, neste momento, já não são nossos funcionários, nunca assumiram perante nós que tivesse sido um acidente. E, segundo sabemos, esse senhor já tinha algumas perturbações mentais", defende-se, ao JN, Jorge Baptista, administrador dos SMAS de Loures. Francisco Gomes está entrevado num lar, a piorar de dia para dia. Ao longe, o carro de Jerónimo de Sousa já tinha desaparecido nas ruas de Lisboa...