A Fenprof contraria o ministro da Educação e garante que a falta de professores não só se mantém como se agravou no arranque deste ano letivo. As previsões feitas com base no número de horários por preencher em contratação de escola apontam para cerca de 93 os alunos que, segunda-feira, vão começar as aulas sem, pelo menos, um dos docentes.
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Os dados da Fenprof são desta sexta-feira: na plataforma estavam 1206 horários por preencher, que correspondem a cerca de 21 mil horas e quatro mil turmas, o que resulta num impacto estimado de 93 mil alunos sem todos os professores no arranque das aulas.
Em resposta às críticas do ministro da Educação às contas das organizações, José Feliciano Costa, um dos secretários-gerais da Fenprof, garantiu hoje que a federação sempre divulgou a fórmula de cálculo nas suas contas.
Na conferência de imprensa que assinala o início do ano, a Federação garante, desmentindo o ministro, que não só o problema da falta de professores se mantém como se agravou. Na primeira semana de setembro, por exemplo, estavam 2758 horários por preencher, o que correspondia a mais de 276 mil alunos sem todos os professores, quando há um ano eram 2045 horários e 232 mil alunos.
Do total de turmas, 235 são de 1.º Ciclo, o que quer dizer que mais de cinco mil podem não ter professor titular na segunda-feira. Há escolas, garantem os dirigentes, onde ainda faltam 12 docentes por colocar. Diretores que já distribuíram horas extraordinárias e pediram aos professores mais velhos para, nas horas de apoio, darem aulas. Medidas, acusam José Feliciano Costa e Francisco Gonçalves, que disfarçam, mas não resolvem o problema.
A Federação corrige também o ministro no número total de candidatos ainda por colocar nas listas: 14 mil que representam 20 mil candidaturas porque podem concorrer a mais do que um grupo de recrutamento. A maioria dos candidatos, sublinha Francisco Gonçalves, são do norte do país e 70% pertencem a quatro ou cinco grupos: Pré-escolar, 1. Ciclo, Educação Especial e os dois de Educação Física. Sendo as maiores necessidades sentidas a sul e noutros grupos como Geografia, Matemática ou Informática.
"Há falta de professores ao contrário do que tem dito o senhor ministro. O que diz a projeção é que estamos pior e que ha um problema estrutural", insiste José Feliciano Costa.
Os dois dirigentes defendem que o arranque da revisão do Estatuto da Carreira Docente, no final do mês, deve começar pela valorização da tabela salarial nos primeiros escalões de modo a tentar recuperar para o sistema muitos dos 20 mil professores que abandonaram a carreira nos últimos 15 anos.