António Costa pediu e o eleitorado de Lisboa decidiu presenteá-lo com quatro anos de maioria absoluta na Câmara municipal, após dois anos a navegar ao sabor da corrente (com maioria relativa, ora conseguia o amén de Helena Roseta, ora da lista independente de Carmona Rodrigues) e com a dificuldade acrescida de ter o PSD em maioria na Assembleia Municipal.
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Agora, o cabeça da lista "Unir Lisboa" - que integra os movimentos independentes de Roseta e José Sá Fernandes - não se poderá queixar de obstáculos: elegeu 9 vereadores contra 7 da lista encabeçada por Santana Lopes e tem maioria de Esquerda na Assembleia Municipal. Os outros derrotados são a CDU, que perdeu um vereador, e o BE, que não conseguiu eleger Luís Fazenda.
Ruben de Carvalho, reeleito vereador da CDU, foi perspicaz na leitura dos resultados: o apelo ao voto útil de António Costa funcionou. E deu como exemplo os resultados da CDU que, na eleição para as assembleias de Freguesia, teve mais 14 mil votos do que para a Câmara. Ou seja, disse, os lisboetas que votam à Esquerda não quiseram correr o risco de voltar a ter Santana Lopes na Câmara, e decidiram concentrar votos em António Costa.
O argumento pode também ajudar a compreender a não eleição de um vereador do Bloco de Esquerda (que, depois de se zangar com José Sá Fernandes, decidiu apostar na candidatura falhada de Luís Fazenda): nas eleições legislativas de há duas semanas, o BE teve 31613 votos no concelho; ontem, teve menos de metade (12795).
Mas Santana Lopes - que decidiu tentar o regresso a uma casa onde em tempos foi feliz, por entender que tinha deixado o trabalho a meio - é provavelmente o maior perdedor. Ontem, ainda ousou sonhar com a Presidência da Assembleia Municipal, mas não decidira se aceita ser vereador.