Desde as eleições legislativas de 1983 que Luís Mariano não sabe o que é ficar na cama até mais tarde num dia de sufrágio.
Corpo do artigo
Até hoje, o secretário da Junta de Freguesia de Santa Iria de Azóia, no concelho de Loures, sabe que às 6.30 horas se inicia uma longa jornada que tende a acabar tarde. Ainda para mais quando assume o papel de mensageiro dos números obtidos nas 16 mesas de votos espalhadas pela vila. Fax e mais fax, telefonema atrás de telefonema e, por fim, a inserção dos resultados finais de Santa Iria no computador, para que se emita o edital.
"Mas no sábado também há muito trabalho a realizar. Para que no domingo não se juntem aqui [na Junta] todos os presidentes das mesas, começamos a distribuir os maços com os boletins logo no sábado, ao final da tarde", relata Luís Mariano que, aos 54 anos, desde que ficou no desemprego, passou a fazer da sede da Junta "uma segunda casa".
Com os anos que já leva de actos eleitorais, pode-se considerar um decano nestas andanças. E tanto assume as funções de mensageiro, como de angariador de membros para as mesas de voto. "Sempre que não se consegue elementos, as Câmaras têm de arranjar uma solução. Mas nesta freguesia não existe essa necessidade", aponta.
Segundo Luís Mariano, o trabalho pesado acentua-se a partir das 19.30 horas. "Quando começam a chegar os primeiros resultados". Ao longo do dia, lá vai percorrendo os diversos locais de voto para se inteirar dos cenários. De incidentes não tem memória, à excepção de um episódio que coloca na galeria dos insólitos. "Um fulano alcoolizado passou o dia todo junto a uma das mesas de voto. Nunca votou mas ali ficou chateando e importunando os membros e também os votantes. Quando se aproximou a hora de encerramento das mesas, aproximou-se de um membro e às 19 horas quis votar. Teve de se chamar a polícia", conta.
Transmitir os números aos técnicos da Câmara de Loures é algo que Luís trata por tu. Se de alguma ansiedade padece só mesmo a vivida nas eleições autárquicas, tanto mais que faz parte do executivo da Junta, eleito por um partido que tornou Santa Iria um bastião. "Sinto muito mais as eleições autárquicas porque me envolvem directamente. O facto ter a noção directa de quem ganha na freguesia é algo indiscritível", refere. Este ano os nervos serão a duplicar: a mulher de Luís Mariano também concorre, pelo mesmo partido, mas nas listas à Câmara Municipal de Loures.